Ganhei de presente – da própria autora! – o livro Somos As Palavras que Usamos, o quarto publicado pela Manuela D’Ávila. Que a Manu escreve bem e sobre temas sensíveis a gente já sabe, ela que é jornalista e doutoranda em Políticas Públicas na UFRGS. Todos os quatro títulos dela tratam de assuntos como maternidade, feminismo, gênero, o sentido da liberdade, enfim, é uma coleção sobre respeito e amor, em última instância.
O livro que sai agora pela editora Planeta tem o título inspirado em uma frase dita por José Saramago em uma entrevista: “Não temos outra coisa que palavras. Somos as palavras que usamos. A nossa vida é isso”.
Somos as palavras que usamos. Palavras que diferenciam não apenas os chamados seres humanos dos outros seres vivos, como também separam os seres humanos em grupos distintos.
Palavras doces, bonitas, fortes, firmes, até mesmo duras, engraçadas, espirituosas e curiosas, para cá. Xingamentos e baixarias, favor dirigirem-se ao fim da fila, lá na rabeta, bem longe.
Com isso ninguém quer censurar palavra alguma, não é isso, embora o filtro da educação seja no mínimo desejável entre quem fala e quem escreve. Em Somos As Palavras que Usamos, a Manuela se propõe a explicar um pouco para a gente entender – um pouquinho, que seja – que mundo é esse em que as palavras podem ferir tanto quanto um tiro. Muitas vezes, aliás, o que começa com uma palavra termina em violência.
Manu destrincha as fake news, o racismo, o capacitismo, a homofobia, a violência de gênero, a meritocracia e outras realidades dos nossos dias de um jeito leve e sério ao mesmo tempo. Somos As Palavras que Usamos é um livro para ter e dar para quem se gosta. Capriche no cartão, que o presente já é sucesso.
...
Mais lançamentos para um Natal cheio de boas palavras: Diorama, de Carol Bensimon – A Estranha Ideia de Família, de Julia da Rosa Simões – Talvez Nós Dois Tenhamos Pensado na Mesma Pessoa, de Luiza Casanova e Davi Koteck – Fotos Ruins Muito Boas, de Moema Vilela - As obras da Prêmio Nobel Annie Ernaux lançadas pela editora Fósforo: O Lugar, A Vergonha, O Acontecimento, Os Anos e O Jovem – Genealogia das Mulas, de Marília Kosby – Selfie-Purpurina, de Fernanda Bastos – Patriarcado Gênero Feminismo, de Joanna Burigo. Só para citar alguns, que nas livrarias tem muito muito muito mais.
...
Falando nisso, uma das livrarias mais bacanas da cidade se reinventou. A Baleia, que ocupava uma casa na Fernando Machado, agora está morando em um trailer caprichosamente projetado para encantar público e autores. No mês de dezembro essa nova Baleia-andante estará na Rua Conselheiro Camargo, no Quarto Distrito, na frente do bar Agulha. Vale muito conhecer e navegar nas palavras e nas páginas da Baleia.