Esta época de Carnaval é um estresse. Pode ser que eu esteja ficando velho, mas não tem como ser legal um troço que junta um monte de gente logo cedo da manhã, debaixo de um sol escaldante, para tomar cerveja quente, ouvir música ruim e ficar com acesso restrito a banheiros. Sejamos justos, preciso deixar de ser ranzinza, na verdade, isso é divertido.
A confraternização é um negócio incrível, um desconhecido qualquer vira melhor amigo no primeiro acorde de Minha Pequena Eva. O problema é a expectativa toda de “ter que se divertir”. Ninguém “tem que” nada. Festa, para mim, é fazer um jantar maravilhoso em casa com a minha família, tomar vinho e dormir sem a preocupação de ter horário para acordar. Mas uma coisa precisa ser dita: se tem um momento em que a gente esquece dos problemas e que une colorados e gremistas, veganos e carnívoros, bolsonaristas e lulistas, é esse feriado de Carnaval, cara.
As pessoas começam a se divertir na sexta e chegam na quarta-feira de cinzas se sentindo o “farelo da bolacha”.
Só que o lance de imaginar ir para um bloquinho com a saída em um lugar e a chegada em outro me dá um desespero, a primeira coisa que penso é na hora do almoço. Não tem como pular esse ritual, ficar sem comer nada com quase 40 anos nem faz bem. Uma coisa que não dá para deixar passar é que a vida é feita de histórias, então faz parte ter um abadá de estimação guardado no armário junto com umas roupas velhas, que nem a traça quer mais comer. Segurar esse manto sagrado e lembrar de um Carnaval épico é um combustível para tocar a vida adiante.
Enfim, curte o Carnaval do teu jeito aí. Só não me obriga a fazer nada. Me deixa quieto aqui em casa porque tenho uma porrada de filmes para colocar em dia e preciso descansar. Talvez apareça nos bloquinhos, daí me espera com cerveja gelada e um abadá novo!