Não sei o motivo, mas fui uma criança cheia de “tretas” para comer. Talvez fosse só por zoeira, para chamar atenção. Ou, talvez, porque ainda não gostasse de certas coisas. Meus pais contam que chegaram a me levar na terapia por causa disso e, agora, entendo perfeitamente o significado dessa angústia para eles.
Os desdobramentos da pauta deviam ser ainda piores. Porque, geralmente, quando a criança não é muito ligada em comida, acaba ficando impaciente, está sempre gripadinha e mais sensível. Imagine a dor de cabeça que essa bomba relógio proporciona.
Só que a economia que gerei para os meus pais na época de baixo consumo de comida acabou custando bem caro. Porque, meu amigo… para resumir em um tuíte: quando descobri a magia da coisa, me envolvi tanto que abandonei a advocacia para trabalhar com gastronomia. Não é à toa que hoje meu braço direito é coberto de tatuagens relacionadas a esse mundo.
Dá para dizer que meus pais fizeram um grande trabalho em insistir e me ensinar a gostar de comida. Sempre me deram exemplo e evitaram que eu desenvolvesse qualquer mania ou birra. Usavam comigo a estratégia que o pediatra do Chico chama de “dieta da mesa”, de forma que se criem na rotina os bons hábitos. Isso é ótimo porque ensina minimamente às crianças as regras do jogo e faz com que os adultos, motivados pelo exemplo que se exerce a cada gesto, se esforcem para levar uma vida alimentar equilibrada.
Ao que tudo indica, graças a Deus, o Chico não repetirá exatamente meu paladar infantil: ainda não completou dois anos, mas já desenvolveu o hábito de bater palma para o assador depois de devorar sozinho um medalhão de picanha. Mas, enfim, assim como já aconteceu comigo, daqui a pouco tudo pode mudar. Para melhor ou para pior.
Aconteça o que acontecer, o objetivo será sempre um só: dar bons exemplos e criar histórias inesquecíveis, tornando o mundinho dele um lugar bem mais divertido do que o nosso!
destemperados
Família que come unida... | Diogo Carvalho
Diogo Carvalho
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