A apresentação do prato, para mim, representa mais da metade da percepção de qualidade do mesmo. Aquela expressão que comemos com os olhos é verdadeira e não há quem me convença do contrário.
Nesta semana, pedi uma bola de sorvete no Agridocé Café em Porto Alegre que veio servida lindamente em uma taça que lembra aquelas pratarias de um tempo medieval que eu nem vivi. Esperava um pratinho sem graça e fui surpreendido. Já gostei do sabor antes de provar.
Agora imagina você pedir uns petiscos em um bar e receber um caixote de madeira bonitão em cima da mesa. Ao puxar a gaveta da caixa, lá estão pratinhos e colheres com petisco escolhido. Nem me lembro direito do que comi, mas não esquecerei por nada dessa experiência que tive no Verissimo Bar do grande Marcos Livi em São Paulo.
O pessoal do Mandarinier por exemplo, investe em flores comestíveis para deixar as sobremesas parecendo uma obra de arte. Tem que torça o nariz para elas, mas aprendi que tudo que está no prato é para comer, então nunca deixo passar.
Esses três exemplos só reforçam minha crença que investir no visual do prato é parte fundamental de um restaurante. Garantir um sabor gostoso é somente parte do trabalho de um chef. Vai dizer que você
nunca viu um garçom passando com algo chamativo na bandeja e acabou induzido a pedir aquilo também? Acontece toda hora. Em tempos de redes sociais bombando e celular na mesa, a apresentação do prato também tem um caráter de divulgação importante. Se a apresentação surpreende e agrada, a foto no Instagram é quase certa e se torna a melhor comunicação possível para atrair novos clientes. Na verdade, tem gente que prefere até pedir um prato mais bonito para postar do que algo que realmente apeteça mais ao seu paladar, por mais estranho que isso possa parecer.
Aquela alface sem graça para decorar o sushi já não parece uma boa ideia. A beleza está nos detalhes e na delicadeza de querer surpreender cada cliente.
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* Conteúdo produzido por Diego Fabris