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Se você está lendo este texto, imagino que goste de comer bem. Se sim, precisa conhecer o trabalho do chef Marcelo Schambeck, que transforma gastronomia em arte no maravilhoso Capincho. O espaço, antes localizado no 4º Distrito, surgiu como um bar e só depois ganhou "cara de restaurante". Agora, ocupando um novo e privilegiado endereço no bairro Moinhos de Vento, em frente à Praça Dr. Maurício Cardoso, busca voltar às origens, dando destaque à coquetelaria, mas sem esquecer dos pratos com identidade sulista.
Uma das mudanças é a divisão dos ambientes. Como o novo ponto possui dois andares, o primeiro ficou destinado ao restaurante, com a já conhecida cozinha aberta, de onde saem os pratos robustos. Já o segundo, possui uma proposta bem mais informal, retomando o espírito de bar, com banquetas de frente para o bartender, sofás e poltronas confortáveis, para apreciar petiscos e bons drinks.
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Eu e minhas colegas do Destemperados estávamos ansiosas para conhecer o novo Capincho, então fomos em uma sexta-feira à noite. A fachada quase passa despercebida, sem dar nenhuma pista do quão linda é a parte interna. Quem não tem reserva é encaminhado para o segundo andar, e a ideia de Schambeck e dos outros sócios, Flavia Mu e Fred Müller (do Olivos 657), é que as pessoas curtam a parte superior e depois, se desejarem, desçam para o restaurante. Os dois ambientes são independentes e é totalmente possível passar a noite somente no bar, que foi a nossa escolha.
As paredes da casa são de tijola à vista, o que combina perfeitamente com o estilo industrial que é marca registrada do Capincho. A seriedade do ambiente composto por móveis em couro, madeira e ferro, é quebrada por plantinhas e abajures, que trazem uma atmosfera caseira, nos deixando súper à vontade. Embora estivéssemos entre amigas, achamos o lugar ideal para um date.
Pedimos praticamente todo o cardápio de aperitivos, inclusive alguns que já havíamos provado no antigo endereço. O menu apresenta o restaurante como uma celebração aos ingredientes locais e à criatividade na cozinha, misturando técnica, pesquisa e memórias. A ideia é que cada grupo crie o seu menu degustação, compartilhando os pratos que chegam aos poucos, para provar de tudo e curtir sem pressa. Seguimos à risca a recomendação, abrindo o nosso happy hour com uma porção de pita crocante e creme azedo (R$ 22) e um drink para cada uma.
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Eu me joguei logo no mais forte, um negroni de melancia (R$ 34), releitura da clássica combinação de Campari, gin e vermute. Adorei!
A Amanda foi em uma opção bem tropical: Jamaica Cocktail (R$ 33), com tequila, limão taiti e xarope de hibisco e cardamomo. Já a Marina optou pelo St. Pickles (R$ 32), com uísque escocês, limão siciliano, vinagre de maçã verde e aipo. Provei também e, embora exótico, achei muito bom e refrescante.
Logo depois, pedimos um trio de aperitivos que está sempre presente em minhas tábuas de frios: seleção de queijos regionais (R$ 35), azeitonas marinadas em azeite temperado (R$ 14) e Spicy Nuts (R$ 19). Sentadas no sofá, beliscando essas delícias e tomando bons drinks, estávamos nos sentindo em casa.
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Quando a última integrante do grupo chegou, propôs que déssemos uma olhada na carta de vinhos — é óbvio que acabamos escolhendo um. A aposta foi o vinho rosé fino seco Habitat Anna (R$ 95), da vinícola Quinta Don Bonifácio, de Caxias do Sul. Todos os rótulos são gaúchos, com exceção de um branco francês. Nossa escolha harmoniza com pratos leves, saladas e frutos do mar, o que impulsionou nossos próximos pedidos.
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Escolhemos duas porções de terrine de cogumelos defumados (R$ 36), e um prato que era uma verdadeira obra de arte: snack de camarão, crocante de arroz, ovas de peixe e ervas (R$ 39), muito bonito, delicado e saboroso.
Fechando a degustação de drinks, pedimos o Butiazinho (R$ 32), considerado já um clássico da casa, com cachaça branca Bucco, butiá, limão taiti, xarope de mel e soda. Preciso deixar registrado que a carta de coquetéis é impecável, e eu não esperava menos de um bar comandado pelo dono do Olivos, que sempre entregou bebidas muito acima da média.
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Deixamos por último o aperitivo que é novidade no cardápio e que apostávamos ser o melhor: vinagrete de polvo (R$ 68). É exatamente o meu tipo de comida, bem temperada, com aroma e muito sabor. Comeria uma porção sozinha — até duas, na verdade.
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Ficamos até o bar fechar e, ao sair, demos uma espiadela no primeiro andar. Como adiantei no início do texto, a proposta lá é completamente diferente e vale uma nova visita. Já combinamos de voltar, sentar no mesão de frente para a janela e saborear a tão comentada Costela Zimmer 16h, sucesso da casa.
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Tenho absoluta certeza de que o Capincho vai viver uma fase de ainda mais sucesso, pratos impecáveis e ótimas histórias, agora no coração do Moinhos. Vida longa!
CAPINCHO
Endereço: Praça Dr. Maurício Cardoso, 61, no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre
Horário de funcionamento: de terça a sábado, das 19h às 22h30min, domingos, das 12h às 14h30min
Telefone: (51) 99754-9398
@capinchorestaurante