Com os dias extremamente quentes, a busca por bebidas leves, refrescantes e que possam ser servidas geladas acaba sendo inevitável. Justamente por isso, o vinho verde vem conquistando cada vez mais o paladar brasileiro. Não à toa, muitas dúvidas foram surgindo entre os consumidores. Para esclarecer algumas delas, conversamos com o Diretor de Ensino da Associação Brasileira de Sommeliers, Mauricio Roloff.
Ainda que pareça um tanto quanto literal, o vinho verde não é verde. O nome não faz referência à coloração da bebida, mas à localização onde é produzida. Este tipo de vinho é feito exclusivamente na região demarcada dos Vinhos Verdes, na província do Minho, no noroeste de Portugal, localidade muito conhecida por sua vegetação.
– Além disso, em geral, esse é um vinho feito para ser bebido jovem. Então, o verde também se opõe a maduro, por não se tratar de uma bebida que foi envelhecida – conta Roloff.
Desta forma, dentro do estilo de vinho verde, podemos encontrar bebidas brancas, rosés e, embora menos comum, até tintas.
Assim como o champagne, por se tratar de um vinho que conta com Denominação de Origem Controlada (DOC), existe uma série de regras e exigências para a sua produção. Além de ser produzido na região demarcada para ser chamado de vinho verde, ele deve ser elaborado com variedades de uvas específicas. Alvarinho, loureiro e trajadura são as mais comuns, mas há também uvas tintas, como sousão.
– Uma característica bem presente da elaboração de vinhos em Portugal é a combinação de diferentes uvas, não necessariamente em uma fórmula específica. Os portugueses abusam da criatividade. Além disso, eles buscam usar variedades locais, por isso, dificilmente iremos encontrar vinhos verdes elaborados com uvas francesas, como chardonnay e sauvignon blanc – ressalta o especialista.
Além de conferir a origem da bebida, para ter certeza de que realmente se trata de um vinho legitimamente português, existe um selo de identificação para atestar que os produtos seguem as exigências de elaboração que, normalmente, é colado no gargalo, na base da garrafa ou no rótulo.
Nos últimos anos, o vinho verde se tornou um fenômeno de exportação para Portugal. De acordo com Roloff, em um intervalo de 20 anos, a exportação passou de € 16 milhões para quase € 70 milhões. E, com isso, há muito mais produtos à disposição, principalmente, no Brasil, que é um mercado muito visado por vinícolas portuguesas.
Para identificar um bom vinho verde no mercado, além de dar uma pesquisada em produtores renomados, o sommelier indica buscar as uvas mais clássicas, como alvarinho, trajadura e loureito, que, geralmente, dão origem aos melhores rótulos.
– A minha dica é experimentar marcas e produtores variados, encaixando exemplares que cabem no bolso, buscando sempre degustar vinhos diferentes. Ainda que ocorram decepções pelo caminho, no final das contas, vale a pena e é como a gente aprende o que mais agrada o nosso paladar – sugere.
DICAS DE HARMONIZAÇÃO
Por se tratar, na maioria das vezes, de um vinho branco leve e ácido, acabamos nos direcionando para pratos igualmente leves: saladas, entradinhas, uma tábua com diferentes tipos de queijos, peixes e frutos do mar. Neste último universo, Roloff ressalta que vale focar em preparos mais simples, sem longos cozimentos ou ensopados. A melhor aposta é nos preparos imediatos e crocantes, como anéis de lula à dorê, camarão frito ou iscas de peixe.
DICAS DE RÓTULOS
- Muralhas de Monção
Preço médio: R$ 120 - Bico Amarelo
Preço médio: R$ 65,90 - Muros Antigos Loureiro
Preço médio: R$ 133,90 - Aveleda Alvarinho
Preço médio: R$ 115 - João Portugal Ramos Alvarinho
Preço médio: R$ 177,75 - Adega Guimarães
Preço médio: R$ 94,90