Casa lotada para assistir ao primeiro episódio da temporada derradeira de Game of Thrones. Assim foi em diversos bares no país. Em Porto Alegre, a Cidade Baixa foi um dos pontos de encontro dos devotos da cultuada série na noite deste domingo (14).
Quem chegou cedo e conseguiu um lugar no Malvadeza Pub II, que abriu às 18h30min com uma noite dedicada ao fenômeno televisivo, podia ver logo na entrada um homem vestido como Jon Snow, um dos notórios personagens, vendendo canecas e recipientes em formato de chifre (de verdade) que ele mesmo produz.
É o servidor público Rafael Luft, 34 anos, um apaixonado pelo medievalismo (os copos de chifre são mais vikings, observa) que acabou virando atração turística: um sujeito, por exemplo, interrompeu a entrevista com GauchaZH para tirar uma selfie com ele.
Luft aproveitou para garantir um lugar com boa visão para uma das cinco televisões do bar — seu pequeno comércio encerra quando começa o episódio. Mas ele admite que a expectativa para a oitava e última temporada não é tão alta:
— Já achei a temporada anterior bem fraca. A série deu uma guinada para mostrar o que o público queria ver. Destoou do que o autor dos livros (George R. R. Martin) costumava fazer, que é "matar" personagens queridos — disse.
Opinião diferente tinha a estudante Natasha Cassal, 32, que foi a primeira a chegar ao bar, às 17h15min, e garantiu uma mesa em lugar estratégico com o amigo Vinicius Vier Vieira, 30, empresário. Ambos trajavam, orgulhosos, camisetas alusivas à série.
— Essa questão cultural de Game of Thrones eu nunca tinha visto com nenhuma série. As pessoas que vêm aqui gritam e torcem — diz Natasha, que já havia assistido a Game of Thrones no bar em outras ocasiões.
— Parece um jogo de futebol — completa Vinicius, que apresentou a série a ela.
Como que confirmando a impressão, aplausos e manifestações irrompem subitamente ainda no aquecimento, durante a reprise de um episódio anterior com a morte de um personagem cujo nome será devidamente omitido aqui para evitar spoiler.
O bar recebe todo tipo de fã, mas não é qualquer um que batiza seus cães de estimação de Jon Snow e Khaleesi, como fez a fonoaudióloga Ludmila Aragão, 27 anos, moradora de Salvador que marcou presença com o namorado, o geógrafo Mahal Machado, 27 anos, também da capital baiana, e com o irmão, o estudante Lucas Aragão, 25 anos, este morador de Porto Alegre.
— Assistimos à série desde a primeira temporada. Agora que iam lançar a última, vimos tudo de novo para poder relembrar algumas coisas, especialmente os detalhes — diz Ludmila.
E a graça de assistir no bar?
— Aqui tem mais gente, mais emoção, mais expectativa, junta todo mundo — acrescenta ela.
Na contagem regressiva para o início do episódio, o público se acomoda em suas cadeiras. Quem estava longe encontra um cantinho mais perto de uma televisão. O silêncio é reverente, monástico.
Durante a função, o serviço de bar continua, mas apenas em tese, porque é difícil encontrar alguém que desgrude o olho para chamar um garçom. De vez em quando, o humor sutil de Game of Thrones motiva risos e gargalhadas. Comentários em voz alta podem ser repreendidos com um olhar mais severo da mesa vizinha.
Foi uma noite aguardada, e agora estão todos reunidos, como uma seita temporária que se encontrará novamente apenas no próximo episódio, neste ou em outro bar. É a única coisa que nunca morre em Game of Thrones.