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A indústria criativa e projetos relacionados à cultura vão receber R$ 2,4 milhões com o programa Decola Hip Hop RS no Estado. A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) em parceria com Sociedade União Vila dos Eucaliptos (SUVE) lançaram o programa, nesta quinta-feira (27), em um evento no Museu da Cultura Hip Hop do Rio Grande do Sul.
Jaqueline Trindade Pereira, mais conhecida como Negra Jaque pelo seu trabalho como rapper, é quem idealizou e hoje lidera o projeto que busca fazer do movimento hip hop um motor de transformação social e econômica. Segundo ela, muitos centros, casas e ateliês culturais foram castigados pela água na enchente de maio, impactando a vida e o trabalho de diversos artistas gaúchos.
— Após o período de enchente entramos nessa etapa de reconstrução onde o hip hop tem sido a vanguarda de liderança dessa reconstrução. Vamos fortalecer os coletivos e projetos gerando trabalho e renda e movimentando diretamente a contratação de 500 pessoas, fomentando a economia e impactando a periferia — explica a artista.
Em contrapartida, de acordo com Negra Jaque, os grupos selecionados farão videoclipes, galerias de grafite, mostras e apresentações. Além disso, será retomada a feira de hip hop, que deve servir como uma vitrine das ações do programa.
Como vai funcionar?
O Decola Hip Hop RS vai contratar 119 coletivos de base comunitária na primeira fase do programa. Eles devem ter pelo menos dois anos de atuação no Estado e ter o movimento hip hop entre seus elementos e ramificações.
O programa também inclui a inauguração de um estúdio de podcast, projeto que ainda está no papel. O objetivo é aumentar a cadeia produtiva cultural do Rio Grande do Sul e impulsionar a indústria do hip hop, oferecendo recursos para trabalhos culturais de qualidade.
Serão selecionados:
- 19 produtoras, coletivos ou instituições de audiovisual/mídias na quebrada para realização de workshop e encontro de saberes;
- 10 coletivos de grafite para realização workshop e encontro de saberes;
- 10 coletivos autorais da moda (vestuário calçados, acessórios, bijuterias e joias), para realização workshop e encontro de saberes;
- 10 coletivos de estúdios, home estúdio e selos independentes para realização, workshop e encontro de saberes.
- 50 coletivos/projetos para realizar de Workshops dos 5 elementos e suas ramificações (conhecimento, MCs, graffiti, DJ e breaking), slams, batalhas e mostras.
Serão premiados:
- 10 coletivos/projetos DJs da cena hip hop com a realização de workshops e encontro de saberes;
- 10 coletivos/projetos de Breaking, com a realização de workshops e encontro de saberes.
Os valores e cronograma das etapas estão do edital do programa. Após os cadastros – que acontece do dia 27 de fevereiro até 27 de março de 2025 – integrantes do Decola Hip Hop RS farão uma análise documental do projeto ou coletivo.
De acordo com o edital, os critérios serão: trajetória cultural e tempo de atuação; abrangência das atividades realizadas e atuação na comunidade; perspectiva de continuidade das ações; relevância das atividades para a comunidade; e reconhecimento por outros coletivos do mesmo eixo.
Esses tópicos somarão pontos, o que vai fazer o candidato ser ou não selecionado. Além disso, serão adicionados na pontuação final um bônus caso o cadastramento seja feito por "mulheres, pessoas pretas, pessoas indígenas, população LGBTQIAPN+, pessoas atípicas e pessoas com deficiência".
No formulário de inscrição os candidatos devem indicar as informações necessárias para receber a transferência bancária do valor do prêmio ou da contratação.
Entre as vagas 119 vagas: 10 são destinadas para estúdio, 10 para grafite, 10 para moda, 19 para mídias e audiovisual, 10 para DJs, 10 para breaking e 50 para Hip Hop em Ação.
Indústria criativa
Ricardo Cappelli, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) destaca que a indústria cultural e economia criativa têm ganhado cada vez mais relevância no Brasil, impulsionada por iniciativas que promovem inovação, inclusão social e desenvolvimento sustentável.
— A economia criativa tem um peso enorme no PIB do país, e a cultura hip hop, em particular, é uma grande ferramenta de inclusão social. Em 2020, segundo o Observatório Itaú Cultural, esse setor movimentou R$ 230,14 bilhões, isso representa 3,11% do PIB, superando até a indústria automobilística, que ficou em 2,1% — detalhou Cappelli.
Ele ainda destaca que a economia criativa foi responsável por 7,8 milhões novos empregos em 2023.
Produção: Estfany Soares