Janícia Ribeiro Silva, conhecida como reverenda Jane Silva, se tornou um dos principais nomes da Cultura no governo de Jair Bolsonaro. Desde novembro à frente da área de Diversidade Cultural da Secretaria Especial de Cultura, Jane foi convidada por sua amiga Regina Duarte para o cargo de secretária adjunta na subpasta, o que a torna a número 2 da estrutura, vinculada ao Ministério do Turismo.
Na última quinta-feira (23), ela aceitou o convite e passou a atuar como secretária interina da Cultura, enquanto Regina não assume o comando.
Presidente da empresa Associação Cristã de Homens e Mulheres de Negócio, Jane é uma apoiadora ativa do presidente em suas redes sociais. Ela se projetou como uma das líderes da Comunidade Internacional Brasil & Israel (CIBI), organização cuja finalidade é estreitar a relação entre os dois países e entre cristãos e judeus. Também é defensora da transferência da embaixada brasileira no país para Jerusalém. Como pastora, atuou por 20 anos na Igreja do Evangelho Quadrangular de Belo Horizonte (MG).
Defesa de Israel
Regina e Jane se aproximaram em novembro de 2018, quando a atriz viajou em uma comitiva organizada pela pastora para Jerusalém, em Israel. Na ocasião, Regina recebeu a comenda de "Embaixador Extraordinário da Paz no Oriente Médio" (oferenda extraoficial criada por Jane).
Foi nessa ocasião que a atriz disse ao jornal Folha de S.Paulo que queria ser "palpiteira" no governo Bolsonaro. A comitiva contava ainda com a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), que na época ainda não tinha assumido o cargo, o senador Carlos Viana (PSD-MG), entre outros políticos.
Além de organizar viagens de turismo para Israel, a pastora atuou por dois anos como presidente da International Christian Embassy Jerusalem no Estado de Minas Gerais.
Em um vídeo no YouTube, Jane acusou o governo Lula de construir a embaixada da Palestina no Brasil e, assim, "financiar o terrorismo" no país. "Pegam nosso arroz e mandam para a Faixa de Gaza", diz a agora secretária adjunta no registro feito em 2018. Desde 2014, ela fazia campanha contra Dilma Rousseff e pela prisão de Lula.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, foi a promessa de transferência da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém que aproximou Jane de Bolsonaro. Ao ser nomeada para a Diversidade Cultural, no fim de novembro do ano passado pelo então secretário da Cultura, Roberto Alvim, ela pretendia inciar um diálogo com artistas e cantores para resgatar o "romantismo entre homens e mulheres" e os "valores da família e do casamento".
Jane costumava fazer elogios ao ex-secretário, alegando que ele estava resgatando a imagem do Brasil no Exterior. Entretanto, após Alvim ser demitido, ela deixou de comentar sobre o dramaturgo em suas redes sociais.