Palcos do tamanho de edifícios com potência para iluminar uma pequena cidade. Artistas com cachês milionários e pose de popstar internacional. Domínio completo das paradas de sucesso. É difícil imaginar que a música sertaneja, hoje um titã da indústria fonográfica, nasceu no lombo da boiada que cruzava o país.
Recuperar a história do gênero predominante hoje no Brasil é a proposta de Bem Sertanejo, musical que abre temporada neste final de semana em Porto Alegre. Inspirado na série homônima que foi ao ar no Fantástico em 2014, o espetáculo funciona como um almanaque de referências que compõe o universo da música caipira, apresentado em ordem cronológica e recheado de canções emblemáticas e hits populares.
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Se a série de TV apresentada por Michel Teló tinha certo tom documental, o espetáculo (que o traz de volta como ator) ganhou ares de desfile de Carnaval. No palco, elementos que ajudaram a construir o imaginário da música sertaneja são caricaturados e apresentados em blocos bem definidos, costurados por canções ou poemas. Está lá a popularização da viola caipira pelos tropeiros, os causos e lendas que abasteciam as primeiras composições, o êxodo rural e a era do rádio, passando pelo estouro do sertanejo romântico e a tomada de poder nos anos 2010. Tudo bem colorido e didático, enfatizando o aspecto lúdico do musical.
A grande sacada de Bem Sertanejo, porém, é jogar com o emocional do público. Se o espetáculo precisa se esforçar para fazer rir (e, às vezes até consegue, especialmente quando pesa a mão no estereótipo do matuto), não precisa de muito para levar às lágrimas. Para quem tem alguma relação com a música sertaneja ou ou universo rural, é difícil não ficar com a voz embargada nas interpretações de Romaria (escrita por Renato Teixeira e célebre na voz de Elis Regina), Chico Mineiro (Tonico & Tinoco) e Caipira (sucesso com Chitãozinho & Xororó). Durante a apresentação no Tom Brasil, em São Paulo, na última semana, Tocando em Frente, de Almir Sater, foi cantada quase que somente pelo público.
Ao final, há espaço também para alguma crítica – como a única personagem feminina do elenco apontando o machismo que reina no meio sertanejo e o eterno cabo de guerra entre tradição e modernidade.
BEM SERTANEJO
Sexta e sábado, às 21h. Domingo, às 20h. Classificação: livre. Duração: 2h30min (com intervalo de 15 minutos).
Teatro do Sesi (Assis Brasil, 8.787).
O espetáculo: a história da música sertaneja contada através do tempo. Com Michel Teló, Alan Rocha, Cristiano Gualda e Lilian Menezes. Texto e direção de Gustavo Gasparani.
Ingressos: R$ 90 (mezanino), R$ 120 (plateia alta) e R$ 150 (plateia baixa). Pontos de venda: livraria Fnac do BarraShoppingSul e pelo site ingressorapido.com.br.
Pegou
Série do Fantástico "Bem Sertanejo" vira musical com Michel Teló
Espetáculo que conta a história da música sertaneja estreia neste final de semana em Porto Alegre
Gustavo Brigatti
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