Metáforas são perigosas, ainda mais nas páginas de um jornal. Há duas semanas, contei a história de um lagarto que, acuado, levantou-se nas patas traseiras e parecia prestes a atacar. No final da coluna, afirmei que isso acontece com animais em geral, e que o ser humano é um animal. Cabe, portanto, à sociedade tentar evitar que indivíduos fiquem acuados e partam para a violência. A reação de alguns leitores foi bastante crítica e dois argumentos básicos surgiram. O primeiro: homens não são animais, muito menos répteis, porque possuem livre-arbítrio. O segundo: a sociedade – em sua maioria formada por pessoas "de bem" e trabalhadoras – não tem responsabilidade alguma sobre um contexto econômico e cultural que gera exclusão.
Coluna
Carlos Gerbase: Os tiranossauros
O colunista escreveu sobre o embate entre livre-arbítrio e instinto no 2º Caderno desta quinta-feira