Em sua trajetória de 28 discos, Toninho Horta se tornou um músico cultuado por seus pares. O motivo principal é a complexidade de suas músicas, construídas com harmonias estonteantes e melodias sinuosas. Mas não é preciso ser nenhum entendido para apreciá-las, porque são, acima de tudo, suaves ao ouvido. É isso que o artista mineiro vai mostrar nesta quarta em show solo, acompanhando-se ao violão e à guitarra, no Sgt. Peppers. A atração integra o projeto Noites Especiais, uma iniciativa do músico Antonio Villeroy – que fará uma participação nesta quarta à noite. Horta, que realizou pocket show em Porto Alegre em 2011 e esteve no Pelotas Jazz Festival em 2013, guarda recordações dos amigos gaúchos:
– Além de Totonho (Villeroy), tem aí Gelson Oliveira, Paulo Dorfman, Michel Dorfman. Certa vez, quando toquei em Porto Alegre, o Yamandu (Costa) tinha 16 anos. Ele foi no meu show e gostou demais. Ficamos tocando a noite inteira, e falei: “Vai para o Rio que você vai se dar bem”. Não deu dois anos, e ele foi.
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Horta promete um show diversificado, com canções suas e de outros compositores. Será uma amostra de um itinerário que começou com o Clube da Esquina (participou do célebre disco de 1972) e alcançou grande projeção internacional (tocou ao lado de estrelas do jazz como Pat Metheny, George Benson e Eliane Elias). Ele tem um roteiro básico, mas o repertório vai depender do clima do público:
– Tocarei músicas novas e outras já conhecidas, como Beijo Partido e Manoel, o Audaz. Geralmente, faço Travessia ou Trem Azul. Se tiver músicos na plateia, toco temas com influência do jazz, como Francisca. Posso tocar Moon River em versão solo ao violão. E Carinhoso, se quiserem uma mais romântica.
Ele planejava lançar, na ocasião, seu songbook (livro de partituras), mas não ficou pronto a tempo e deve estar disponível apenas no final do mês. É uma demanda antiga de músicos que querem aprender a tocar suas canções. Serão 300 páginas, reunindo 102 partituras dos anos 1960 ao presente. Dessas, 40 contarão com diagramas para que os guitarristas e violonistas consigam montar os acordes exatamente como ele faz. Também no final do mês, ele pretende relançar dois discos: Minas – Tokyo (2010) e From Napoli to Belo Horizonte (2013), este com o guitarrista italiano Antonio Onorato.
Atualmente, o músico está em estúdio gravando dois álbuns com sua banda, a Orquestra Fantasma: Belo terá regravações de canções conhecidas suas, como Céu de Brasília, e Horizonte contará com inéditas e será mais instrumental. O plano é lançá-los até o meio do ano.
Mas, se há um projeto que ele deseja concluir, é o Livrão da Música Brasileira, publicação de referêcia em quatro volumes com cerca de 650 partituras e letras do melhor do cancioneiro nacional, nos moldes do Real Book do jazz americano. Acalentado por ele desde 1985, o projeto depende da captação de R$ 2 milhões.
Horta conclui avisando que chegará a Porto Alegre já querendo voltar, da próxima vez acompanhado:
– Quero fazer um show com orquestra sinfônica aí. Gostaria de excursionar pelo Brasil todo com este formato.
TONINHO HORTA
Nesta quarta, às 21h.
Sgt. Peppers (Rua Quintino Bocaiúva, 256), fone (51) 3331-3258, em Porto Alegre.
Ingressos: R$ 100. À venda na bilheteria do local, uma hora antes do início.
O show: com violão e guitarra, Toninho Horta vai tocar e cantar canções conhecidas suas e de outros compositores. Também deve apresentar novas músicas de sua lavra.