Um discurso inflamado sobre a importância do voto e a obrigação do povo de cobrar as promessas feitas pelos governantes. Uma jovem desiludida com o próprio país, chocada com as desigualdades sociais e a pobreza da população. Entre a fictícia cidade de Grotas, em Velho Chico, e a Vila Rica do século 19, em Liberdade, Liberdade, há muitos pontos em comum.
Em plena época de ânimos exaltados na vida real, a ficção mostra que desde os tempos de Tiradentes, alguns problemas continuam sem solução. Na trama das 23h, Joaquina (Andreia Horta) carrega nas veias a sede de justiça e liberdade proclamada pelo pai. Nos dias de hoje, a heroína seria considerada uma "mulher empoderada" e proclamaria seus discursos nas redes sociais.
Já às margens do Velho Chico, são os desmandos do Coronel Afrânio (Antonio Fagundes) que ditam os rumos da história. Deixando de lado o figurino espalhafatoso e trejeitos exagerados do personagem, o Coronel Saruê poderia muito bem ser um dos votantes no processo de impeachment.
Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência.
* Diário Gaúcho