Somos uma espécie de estranhos sentimentos. Ou talvez estranha seja nossa tentativa de nomeá-los, como se, ao isolarmos cada emoção, pudéssemos evitar o contágio com os sentimentos vizinhos, num estranhíssimo afã de dominar, corrigir e mapear aquilo que sabemo-nos incapazes de compreender. Afinal, sobre o que falamos quando falamos de amor?, como naquele conto do Carver. Do amor feito a força erótica dos gregos? Do amor caridoso de São Paulo? Ou de um amor a um tempo (ou ao mesmo tempo) destrutivo, fraternal, timorato? Camões termina seu mais famoso soneto amoroso com uma pergunta. Pois parece haver, desde o mundo antigo, duas posturas diante da questão: uma busca por definir os sentimentos e uma busca por aceitar sua indefinição.
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Coluna
Pedro Gonzaga: In the mood
O colunista escreve quinzenalmente para o 2º Caderno
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