No verão dos meus 18 anos, crente de que meu destino era ser um intelectual, impus-me dominar Guerra e Paz, supertrunfo das discussões literárias. Eu vinha lendo Kundera, Llosa, Kafka, García Marquez, Dostoiévski. Enquanto escrevo, revivo o afeto por esses autores, aqueles que o coração guarda, aqueles que me formaram como leitor. Os livros da adolescência - quaisquer que sejam eles - têm como missão primeira prolongar a fantasia da infância, erguer a ponte para esta inesgotável brincadeira de adultos que é a literatura. Um intelectual, no entanto, quer séria a brincadeira, quer discutir-lhe as regras, ser especialista no jogo.
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