
Kelli e Denzel Porto, mãe e filho, observam desconfiados a obra Tropicália, de Hélio Oiticica, exposta no térreo da Usina do Gasômetro. Passados alguns minutos, a dupla olha para os lados, pensa um pouco e toma coragem: decide adentrar o cenário que tem areia e pedras pelo chão. Assim como eles, muitos visitantes que prestigiaram o primeiro fim de semana da 10ª Bienal do Mercosul primeiramente hesitaram, mas, depois, permitiram-se encarar novas experiências na arte.
Todos os espaços expositivos espalhados pela Capital foram abertos no sábado - as mostras estão no Centro Histórico (Usina, Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, Memorial do Rio Grande do Sul, Santander Cultural e Centro Cultural CEEE Erico Verissimo) e no Instituto Ling, na Zona Norte. Na Usina, que reúne as principais obras participativas - há uma mostra dedicada ao uso do olfato, por exemplo -, um dos trabalhos que mais chamou atenção foi a instalação de Oiticica, que convida os visitantes a passear por suas trilhas. Mas não foram poucas as pessoas que ficaram na dúvida: devo entrar?
- Não sabia o que fazer. Mas como vi as pegadas na areia, deduzi - conta a gerente comercial Kelli Porto, 45 anos.
Kelli e Denzel Porto exploram a obra "Tropicália". Foto: Júlio Cordeiro, Agência RBS
Se o medo de estar ultrapassando algum limite paralisava, os mediadores da Bienal encorajavam o público a se soltar. Depois de algumas caras de receio para Soy Louco Por Ti, de Antonio Manuel, que trazia uma estrutura de palha e madeira no chão, já havia fila para se deitar na pseudocama.
- Como a moça falou que podia, eu fui. Foi uma sensação nova - diz Rafaela Candia, 16 anos, que explorou o trabalho ao lado da amiga Lídia Cardoso, 15 anos.
Lídia Cardoso (E) e Rafaela Candia experimentam a obra "Soy Louco por Ti". Foto: Júlio Cordeiro, Agência RBS
Também há obras que não convidavam a um mergulho tão literal. No Santander Cultural, Helicóptero, de Wesley Duke Lee, traz um girocóptero envolto por uma estrutura circular. Não dá para ver o equipamento sem um pouco de esforço, o que não foi problema para o menino José Grossi, 11 anos: encorajado pela mãe, ele colou o rosto no chão e espiou pela fresta sob a instalação.
- É uma forma de desenvolver a criatividade. Faço questão de vir e trazer meu filho - explica a professora Goretti Grossi, 57 anos.
A Bienal segue até 6 de dezembro. Cada local tem horário de visitação específico - às segundas, apenas o Instituto Ling está aberto. Há também atividades educativas, como a Escola Experimental de Curadoria em ArtEducação, palestras, oficinas e conferências, entre outras atrações. Esta semana, serão divulgados os detalhes da programação no site www.fundacaobienal.art.br.
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