De um lado, pesando cerca de 50 giga e cheio de promessas, Batman: Arkham Knight. Do outro, com coisa de 70 quilos e muita expectativa, eu. Ao final de duas horas iniciais de embate, um veredicto parcial: é só isso?
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Encerramento da trilogia do Homem Morcego nos games (desconsiderem aquele prólogo bobo, Origins), Arkham Knight foi adiado três vezes nos últimos 10 meses. A razão, por enquanto, permanece um mistério para mim, porque o jogo traz exatamente os mesmo elementos dos títulos anteriores, Asylum e City. É como se tivessem dado uma garibada nos gráficos, esticado o mapa e criado novas roupas para os mesmos personagens.
Os comandos são os mesmos, quer dizer, se você brincou com os primeiros, vai sair jogando arpão pelos arranha-céus de Gotham de olhos fechados. A estrutura narrativa também é idêntica: uma história principal para seguir e missões paralelas utilizadas para ganhar pontos de desenvolvimento, que vão de crimes a serem investigados a resgate de reféns e os desafios do Charada.
Sim, os vilões clássicos estão todos ali (Pinguim, Hera Venenosa...), acrescidos do inédito Arkham Knight - basicamente alguém vestido com uma roupa high-tech que lembra a do Batman. A bola da vez é o Espantalho, maluco do segundo escalão da galeria de antagonistas do Homem Morcego que decide - olha só que original - explodir uma bomba venenosa na cidade. Evacuada, Gotham vira aquele tradicional octógono para a disputa entre mocinhos e bandidos.
Tudo maior e mais complexo, mais bem definido, mas, ainda assim, mais do mesmo. Você, assim como eu, já jogou esse jogo. Com esse mesmo personagem. Portanto, não há dúvida de que será divertido e saboroso passar horas e horas desencavando os mistérios de Gotham, mas isso a gente já fez. Duas vezes (ou três).
A única novidade de fato está na presença do batmóvel - que, para acompanhar o sangue nos olhos do seu motorista, vem virado em um tanque de guerra, com direito a lança mísseis e tudo. É dentro dele que o jogador vai percorrer a maior parte das ruas entre um ponto e outro no cumprimento das missões - ganha-se em agilidade, mas se perde em contemplação. Uma pena, porque o pessoal da Rocksteady fez um trabalho magnífico na reconstrução da capital gótica da DC Comics.
Ah, sim, outra diferença: Batman está bem mais violento do que o habitual, mesmo para o padrão dos videogames. Tanto que, pela primeira vez, recebeu indicação etária para maiores de 17 anos nos EUA. Numa das cenas, ele tortura um bandido com o batmóvel. Em outra, quebra o braço de um meliante subjugado só para mostrar quem manda. Sinal dos tempos, claro: a amargura e a violência do personagem, latente até o gibi O Cavaleiro das Trevas, é hoje lugar-comum. Mas é pouco para o hype de Batman: Arkham Knight.
A cópia testada foi cedida pela Warner Bros. para o PlayStation 4
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