Sabe o console que fez você desembolsar o preço de uma moto 0km? E o jogo, comprado na pré-venda, pela bagatela de duas cestas básicas? Sem falar naquele upgrade pago do serviço online. Pensa que eles são seus? Pensa que você está no controle? Então pense melhor.
Um "Candy Crush" com doces de Pelotas
Romance "Snow Crash" é o Big Bang dos universos virtuais
Um case de sucesso indie brazuca chamado "Chroma Squad"
Na semana passada, jogadores que vazaram imagens de um jogo que ainda estava em fase de testes (a versão remasterizada de Gears of War) foram punidos. A primeira notícia dava conta de que a Microsoft, dona do game, havia banido os usuários de sua rede social, a XBox Live, e desabilitado seus consoles XBox One. Depois, a própria empresa disse que os aparelhos continuariam a funcionar, mas no modo offline.
Agora vem comigo: bloquear remotamente um console particular pega mal, mas cancelar a conexão de um usuário que infringiu um determinado contrato, não. Só que ficar offline hoje equivale a ficar sem água no deserto.
Quem tem qualquer experiência com entretenimento eletrônico sabe que não existe a menor possibilidade de se manter desconectado. Consoles, jogos e serviços são constantemente atualizados via internet, recebendo melhorias ou pequenos consertos. Sem conexão, ficam inutilizáveis.
E o pior é que todos, tanto usuários da XBox Live quanto da PlayStation Network, ambientes obrigatórios para se conectar à internet, concordam com isso. Veja o que diz um dos tópicos dos Termos de Uso da Live: "Poderemos desativar, por qualquer motivo, o acesso a conteúdo da Microsoft e de terceiros associado à sua conta. Também poderemos remover ou desativar jogos, aplicativos, conteúdo ou Serviços em seu Dispositivo Autorizado".
Resumindo: se você não andar na linha, pode dar adeus à jogatina. Por mais que me assuste o fato de a Microsoft poder fuçar no meu aparelho sem qualquer consentimento, fico mais apreensivo com a possibilidade de, ao me banir da XBox Live, inutilizar meu console até segunda ordem.
Engraçado notar que um dos mantras para vender videogames, nos anos 1980, era algo como "agora, você está no controle". No século 21, controle é tudo o que não temos. E ainda pagamos (caro) por isso.
Jogatina Tech
Gustavo Brigatti: você pensa que está no comando? Pense melhor.
Banimento de jogadores que violaram regras da Microsoft coloca em xeque a noção de propriedade e controle no universo dos games
Gustavo Brigatti
Enviar emailGZH faz parte do The Trust Project