Primeiro grande lançamento para PlayStation 4, The Order: 1886 chegou sexta-feira passada precedido de polêmica. "É muito curto", diziam, com base em um gameplay divulgado dias antes, no YouTube, "e por isso não vale o investimento". Seu criador, Ru Weerasuriya, da Ready at Dawn, rebateu dizendo que ele tinha o tamanho que tinha que ter e não havia nada de errado nisso.
Depois de um final de semana de jogatina, o que tenho a dizer é: os dois lados têm razão. Infelizmente.
Leia outras resenhas e matérias sobre games
The Order é um tiro curto, de fato. Terminei seu único modo de jogo, a campanha single player, entre a noite de quinta e a tarde domingo, com um sábado inteiro dedicado a cuidar dos meus bonsais e beber bloody marys. Não sei quantas horas exatas gastei com Sir Galahad caminhando pela belíssima reconstrução da Londres Vitoriana, mas fiquei feliz quando acabou. Eu não aguentaria muito mais da gigantesca, tosca e galhofeira história contada pelo Sr. Weerasuriya.
A ideia de cruzar história com ficção, tão bem trabalhada por jogos como Assassin's Creed, se perde em uma trama que mais parece um fanfic de Crepúsculo. Eu falo sério, chego nesse momento a sentir meu café da manhã voltar por lembrar que alguém, em sã consciência, escreveu aquilo. Quero muito acreditar que foi por essa razão que deixaram o jogo curto.
- Gente, vocês estão de brincadeira que o jogo é sobre Cavaleiros da Távola Redonda imortais perseguindo anarquistas (!), vampiros (!!) e lobisomens (!!!) pelas vielas de Londres atirando com fuzis steampunk? Para, para agora! Para tudo e lança do jeito que está, ninguém mexe em mais nada, por favor - alguém com algum poder de decisão deve ter dito para o pessoal da Ready at Dawn.
Não há explicações convincentes a respeito de nada. De onde vem e o que querem esses bichos? Contra quem lutam e o que querem os tais anarquistas? A tecnologia toda usada pelos Cavaleiros veio única e exclusivamente da cabeça de Nicola Tesla? O nível de suspensão da descrença precisa chegar à estratosfera.
Mas, pô, já jogamos (e gostamos de) games com enredos bobos, não é mesmo? Gears of War, principal inspiração de The Order, não tem a história mais original e atraente do mundo, vamos combinar, e mesmo assim nos rendeu muita diversão. Bom, o problema é que, no caso de The Order, nem isso: o jogo é chato pra caramba.
Não cronometrei, mas certamente você passa mais tempo caminhando e vendo cut scenes do que de fato mandando bala nos inimigos. A proporção deve ser de um tiroteio para cada três sequências de conversas e rolê pelo cenário. Nunca atualizei tanto o meu e-mail, Facebook e Twitter durante uma jogatina quanto com The Order. Sem contar os lamentáveis Quick Time Events, que pra mim é como narrativa em off no cinema, serve para encobrir a incompetência de uma mecânica ruim.
Desnecessário dizer que não existe liberdade alguma em The Order. O jogo oferece um ambiente de cair o queixo, mas uma única maneira de usufruí-lo e seguir adiante. É um game de novíssima geração que poderia ter sido lançado para a geração retrasada.
Conselho: se for comprar The Order, compre com os amigos. Junta uns cinco ou seis, cada um dá uma parte do valor e passa um final de semana com ele. Vai ser suficiente, acredite.
Jogatina Tech
Gustavo Brigatti: "The Order: 1886" é entediante fanfic de Crepúsculo
Game exclusivo para PlayStation 4 decepciona com história tola e mecânica aborrecedora
Gustavo Brigatti
Enviar emailGZH faz parte do The Trust Project