Um dos mais importantes espaços culturais de Porto Alegre vai reabrir suas portas renovado e com a missão se firmar como referência internacional na área de Direitos Humanos. Nesta terça-feira, dia 1º de abril, o Memorial do Rio Grande do Sul, localizado na Praça da Alfândega, passará a abrigar também o novo Museu dos Direitos Humanos do Mercosul.
O prédio histórico receberá documentos referentes à luta por garantias individuais nos países do bloco econômico e obras de arte que tenham relação com o tema. Para marcar a abertura do museu, que terá o primeiro piso como principal área, a mostra Deus e Sua Obra no Sul da América vai reunir trabalhos de 145 artistas em todos os três andares do Memorial de amanhã até 31 de maio. A data não é casual: o 1º de abril é uma referência ao dia em que foi implantada a ditadura civil-militar 50 anos atrás. Fazem parte da exposição nomes gaúchos e de fora do Estado como Britto Velho, Vasco Prado, Siron Franco e o uruguaio Jorge Francisco Soto, que participou da 1ª Bienal do Mercosul, em 1997.
- É muito importante a criação desse museu no Rio Grande do Sul, que tem uma ligação forte com os demais países da região - avalia Soto.
Segundo Márcio Tavares Santos, que acumula os cargos de diretor do Memorial, do Museu e do Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul, além de assinar a curadoria da exposição inaugural, a intenção é promover mostras temporárias e acumular documentos relacionados ao tema dos direitos humanos de todos os países do Mercosul.
- Queremos reforçar nossa coleção documental de assuntos como ambiente, feminismo, LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais). Recentemente, recebemos um acervo do grupo Nuances, de Porto Alegre, e vamos receber outro de um grupo uruguaio ligado ao feminismo. Também pretendemos disponibilizar material digitalizado pela internet - afirma Santos.
Os documentos podem incluir desde papéis oficiais até jornais, imagens e outras fontes de informação sobre garantias individuais no Mercosul. A criação do museu em Porto Alegre foi decidida pela própria organização internacional, em uma reunião de cúpula em 2011, a fim de reforçar a integração cultural do bloco.
Para receber o novo espaço, o Memorial vem sofrendo reformas desde o ano passado graças ao repasse de R$ 1,5 milhão da Secretaria de Estado da Cultura e da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência (leia mais aqui). Nos próximos meses, o prédio deverá receber outras melhorias como a reforma do auditório e, até 2016, contar com climatização. A expectativa de Santos é de que o museu também receba verbas do Mercosul no futuro.
A inauguração na terça-feira será realizada às 18h30min,com shows do músico uruguaio Daniel Drexler e do gaúcho Ernesto Fagundes, sendo aberta ao público. A visita ao Memorial é gratuita.
QUE EDIFÍCIO É ESTE
> É a antiga sede dos Correios e Telégrafos na Capital. Erguido entre 1910 e 1914, foi projetado pelo arquiteto alemão Theo Wiederspahn, responsável por construções do começo do século passado na Capital, como a do Santander Cultural e da Casa de Cultura Mario Quintana.
> O prédio foi tombado em 1980. A partir de 1998, passou por uma restauração para recuperar as características originais.
> O Memorial foi aberto em 2000. Uma das principais atrações era a linha do tempo que resumia os principais eventos que marcaram a história gaúcha.
PROGRAMAÇÃO DE ABERTURA
> Dia 1º de abril (terça-feira) - Às 18h30min, abertura do Museu dos Direitos Humanos e da exposição Deus e Sua Obra no Sul da América - A Experiência dos Direitos Humanos Através dos Sentidos. Visitação até 31 de maio, de terça a sexta, das 10h às 19h, e aos sábados, das 14h às 18h. Informações (51) 3224-7210.
> 2 e 3 de abril - Conferência internacional "Memória, Direitos Humanos e Reparação: Políticas de Memória, Arquivos e Museus".
> 4 e 5 de abril - Diálogos "Do Golpe à Redemocratização: Caminhos do Brasil".