Armandinho atende o telefone em sua casa, no litoral catarinense, e pede um segundo para baixar o som. Estava ouvindo, em alto volume, seu próprio álbum, o recém-lançado Sol Loiro, pelo qual anda apaixonado. Não é para menos: o disco não apenas reflete um notável amadurecimento artístico de Armandinho, como também coroa um dos melhores momentos de sua carreira.
Lançado no final do ano passado, Sol Loiro traz um Armando Antônio Silveira com cada vez menos paciência para o gênero que o lançou. O reggae está incrustrado no DNA do álbum, mas aparece diluído em meio a violões folk, teclados cheios de groove, levadas de black music e guitarras roqueiras. Ele próprio admite que nunca foi exatamente um reggaeman do tipo ortodoxo:
- O reggae é minha referência musical de cabeceira, mas sempre trabalhei para ter um estilo próprio. Me vejo trilhando o mesmo caminho que Paralamas do Sucesso e Skank, fazendo cada vez mais conexões e ampliando o alcance da minha música.
Parte do mérito dessa oxigenação é devido à excelente banda que acompanhou o músico na gravação de Sol Loiro - com João Coiote no violão, Lucio Dorfman nas teclas (e produção), Pedro Porto no baixo, Marcio Pexi na bateria, Gordo Lopes na percussão e Luciano Granja na guitarra - e que está com Armandinho na apertadíssima agenda de shows que ocupa pelo menos quatro dias da semana do músico.
O calendário é extenso e internacional: no final do ano passado, o cantor se apresentou na Argentina e no Uruguai. Na última semana, cumpriu maratona de compromissos no Uruguai (com show lotado no Estádio Domingo Burgueño, em Maldonado) e, nos próximos dias, irá do interior do Rio Grande do Sul a Portugal, passando pelo litoral catarinense e pelo Rio de Janeiro. Seu show em Porto Alegre, marcado para o dia 13 abril, já está com dois lotes de ingressos esgotados.
O atual período é semelhante ao boom vivido por Armandinho em 2006, quando saiu das areias de Atlântida para os programas de auditório na televisão, alavancado pelo single Desenho de Deus. Com a diferença que agora, sem o suporte de uma grande gravadora, ele está cada vez mais próximo dos fãs.
- Estou sempre em contato via Instagram, Twitter e Facebook. Converso, falo dos shows, coloco umas divagações e às vezes falo o que não devo - brinca. - Mas estou ali para mostrar que me importo com eles tanto quanto sei que se importam comigo. No final, é isso que vale.
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Gustavo Brigatti
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