O avô de John Goldwyn era o G em MGM. Seu pai, que é produtor, revelou Julia Roberts em "Três Mulheres, Três Amores". Seu irmão, que é ator, faz o papel do presidente da república na série "Scandal", da ABC.
Como sempre com a realeza de Hollywood, a família Goldwyn é o que há.
Porém, o sucesso no mundo do cinema não é moleza, nem mesmo para um príncipe. John Goldwyn começou como atendente de correio e subiu os degraus até se tornar o vice-diretor da Paramount Pictures, onde ajudou a criar vencedores do Oscar como "Forrest Gump", e então, em 2003, com seus sucessos desaparecendo e sua vida pessoal em desarranjo, ele desceu alguns degraus e se tornou produtor na Paramount. Desde então, ele não emplacou nenhum grande filme, errando feio em tentativas como "Hot Rod" e "Minha Mãe é uma Viagem".
Agora ele tem a chance de tirar o pé da lama com o filme "A Vida Secreta de Walter Mitty", dirigido e estrelado por Ben Stiller e produzido por Goldwyn, para a 20th Century Fox.
Depois de vivenciar sua parcela de triunfos e fracassos, Goldwyn, de 55 anos, é direto em relação aos negócios cinematográficos e a cultura dos grandes sucessos que ainda os definem. - O que quero dizer é que Ben fez um filme incrível, entretanto, eu sinto uma pressão enorme e esmagadora para que ele seja um sucesso - , afirmou enquanto bebia café no Sunset Tower Hotel.
Para Goldwyn, "Mitty", a adaptação de um conto escrito em 1939 por James Thurber, é mais do que um investimento de 90 milhões de dólares. Até certo ponto, o filme é acompanhado de um estresse enorme.
O avô de Goldwyn, Samuel, emplacou um grande sucesso em 1947 com a adaptação do conto de Thurber para a telona. Samuel, o pai de Goldwyn, tentou durante anos fazer uma nova versão do filme, transferindo a tarefa para o filho. Em Hollywood onde existem poucas pessoas da terceira geração dos Warners e Disneys, "Mitty" é a chance de Goldwyn de mostrar que sua linhagem perdura.
Ninguém ainda pode dizer se "Mitty" será um grande sucesso. Embora analistas estejam prevendo uma boa venda, houve todo tipo de críticas e existem vários outros grandes lançamentos no cinema. Porém, Samuel Goldwyn Jr., de 87 anos, afirmou que se concentrar apenas na receita seria um erro. "Esse jogo não se resolve apenas na primeira tentativa. É uma luta pela sobrevivência e o mais importante é que Johnny nunca desistiu. Eu tenho muito orgulho dele", afirmou enquanto bebia café no Sunset Tower Hotel.
Durante a entrevista, John Goldwyn, voltou diversas vezes ao tema da superação dos obstáculos, a começar por seu sobrenome.
- É uma vantagem e uma desvantagem ao mesmo tempo. O importante é saber como usar o nome para negociar. Meu pai, que foi criado como um príncipe de Hollywood, entendeu as armadilhas e me ajudou a aprender. Não dá para usar o nome como argumento, porque as pessoas não gostam disso e vão fazer de tudo para acabar com você -
Ao invés de ser ajudado pelo pai, Goldwyn aceitou o trabalho na sala do correio depois de se formar em História na Universidade de Stanford. Ele também trabalhou como motorista para o produtor Alan Ladd Jr., que deu a primeira chance a Goldwyn em 1983 - um cargo de produção em "Loucademia de Polícia", um sucesso improvável que gerou seis continuações.
- John nunca foi um cara metido. Acho que o nome fez com que ele trabalhasse ainda mais duro - , afirmou Sherry Lansing, ex-executiva-chefe da Paramount.
Quando Goldwyn assumiu o papel de produtor, um aliado muito importante foi Lorne Michaels, criador do "Saturday Night Live" e parceiro comercial de Goldwyn; juntos, eles criaram diversas comédias malucas, como "Hot Rod" e "MacGruber".
Goldwyn contou que aprendeu rapidamente que as decepções como produtor são muito diferentes das decepções de executivo de estúdio.
- Quando o filme não se sai bem e você está dentro do prédio da administração, existe sempre outro filme no final da linha de produção. Então nunca nos importávamos com um fracasso ou dois. Agora, quando você é produtor, você leva cada derrota consigo pelo resto da vida -
- Sherry me disse uma vez que 'Não existe sorte eterna em Hollywood' - , acrescentou. - Mas, de certa forma, tudo o que conhecia era a sorte. Eu finalmente entendi o que ela queria dizer quando me tornei produtor porque havia, basicamente, fracassado. Ao menos de acordo com os padrões de sucesso de Hollywood -
Algumas das produções de Goldwyn foram bem sucedidas. "Uma Mãe para o Meu Bebê", outra colaboração com Michaels, gerou um lucro modesto. Em 2007, ele trabalhou em "Não Estou Lá", uma cinebiografia de Bob Dylan que se tornou uma queridinha da crítica. Com Sara Colleton, Goldwyn produziu a série de sucesso "Dexter", que recentemente finalizou sua oitava temporada pelo canal Showtime.
- John é um cara muito civilizado, o que lhe dá uma grande vantagem. A pior coisa que se pode fazer é ficar de cara fechada em um canto e não conversar com o canal. John não faz isso. Ele é um ótimo moderador - , afirmou Robert Greenblatt, diretor da NBC Entertainment e ex-presidente da Showtime.
Com "Mitty" atrás de si, Goldwyn precisa evoluir mais uma vez. Há uma década, os estúdios contavam com diversos produtores estáveis em seus postos, mas agora, muitos deles precisam lutar para garantir sua vaga. O mesmo vale para Goldwyn. Seu contrato de produção com a Paramount está chegando ao fim.
Goldwyn está se preparando para o desafio de assumir uma série de projetos, incluindo uma adaptação muito esperada da série britânica de investigação "Broadchurch" para a Fox e o filme "Loomis Fargo", estrelando Owen Wilson e Zach Galifianakis.
Além do possível remake de "Garotos e Garotas" para a Fox. Um Goldwyn produziu o original e, se a Fox permitir, um Goldwyn produzirá a próxima versão.
Cinema
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