
Presente sistematicamente na história da arte pelo menos desde o século 16, a natureza-morta parece hoje, aos olhos de muitos, um tipo de representação enterrada em algum momento do passado.
A exposição que será aberta esta quinta-feira (12), às 19h, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, quer mostrar o contrário.
São 126 obras de 53 nomes do acervo do museu (que cobre desde a arte do século 19) e de 37 artistas em atividade convidados, em diversos suportes: pintura, escultura, fotografia, instalação, tapeçaria. A ideia da mostra A Bela Morte - Confrontos com a Natureza-Morta no Século XXI é revelar a maneira como essa prática foi retrabalhada na contemporaneidade, já distante das tradicionais pinturas de frutas em mesas que marcaram o gênero.
- Nossa relação com os objetos, hoje, é diferente. O pintor do século 16 não tinha tanta coisa para ver como temos hoje. É uma questão de contexto - compara a curadora Ana Zavadil.
Exemplo dessa mudança de perspectiva é a imagem criada por Andrei Thomaz, que mostra potes de plástico de diversos tamanhos, um dentro do outro, remetendo às conhecidas bonecas russas matrioshkas.
- Hoje, as pessoas não colocam mais frutas em pratos. Colocam em potes - diz Ana.
Uma grande mesa no centro do espaço de exposição serve de apoio para diversos objetos e esculturas, como se as obras fossem, elas mesmas, naturezas-mortas. Estão lá, por exemplo, maçãs feitas de tule, criações assinadas pela artista Laura Cogo.
É a primeira exposição de Ana Zavadil como curadora-chefe do Margs, cargo que assumiu em junho. Ela afirma que suas marcas serão a atenção a temas pouco explorados recentemente e o diálogo entre gerações.
- Acho que sempre farei relações de obras de artistas do acervo com jovens artistas emergentes e outros que já estão trabalhando há mais tempo.
Para 2014, Ana planeja as mostras O Cânone Pobre, com obras criadas com materiais efêmeros, do cotidiano, e Útero, Museu e Domesticidade, com trabalhos de mulheres pouco presentes em exposições - um diálogo com a mostra O Museu Sensível, de 2011, com curadoria do diretor do Margs, Gaudêncio Fidelis, que também se debruçava sobre a produção feminina.