Um médico que já tem bisnetos me envia uma pergunta que, a meu ver, é antes um pedido disfarçado para que eu exorcize um fantasma do passado: "Na faculdade de Medicina que cursei, tínhamos um professor que até hoje supera todos os que já conheci, tal era sua cultura e seu domínio da matéria. Além de brilhante poliglota, demonstrava um grande domínio da língua portuguesa, sendo um crítico implacável desses estrangeirismos que invadiram o idioma. Numa de suas palestras, surpreendeu-nos ao investir contra o desvirtuamento que o vocábulo bizarro sofreu. Ele explicou que esta palavra, desde a origem, significa elegante no porte, garboso - mas, segundo ele, estamos de tal maneira submetidos ao imperialismo norte-americano que agora aceitamos que seja usada com o sentido de estranho, esquisito. Sempre segui este ensinamento, mas hoje criei coragem para perguntar ao senhor se sou mesmo obrigado a usar esta palavra no sentido original ou se já posso empregá-la no de uso corrente".
O Prazer das Palavras
Cláudio Moreno: Bizarro
"Quem percorrer um texto escrito entre o séc. 17 e meados do séc. 19 verá que o termo bizarro sempre aparece como elogio"