Dias atrás, na Palavraria, quase uma segunda casa e um escritório para mim, eu participava de um evento, a convite de um ex-aluno, organizado em torno do livro que mudou minha vida. Confesso que nunca tinha pensado numa obra nesses termos. Antes de aceitar, voltaram-se-me outras eleições absurdas, convocadas em bares ou por meu amigo Márcio Pinheiro, que adora listas: o maior jogador vivo, o filme favorito, a música insuperável. Era hora da desculpa, tantas vezes usada: impossível escolher. Mas pensei. Logo percebi que a proposta era mais restrita. Não se tratava do melhor livro, o mais importante de um ponto de vista histórico (típica preocupação de um professor e homem de letras), mas sim do que teve um poder transformador, o que me fez ver pela primeira vez a impossibilidade de seguir vivendo em um mundo sem a fantasia das histórias literárias. Pensei então naquela obra que tivera um efeito decisivo em minha adolescência, quando, em geral, fazemos as mais dolorosas das aprendizagens, quando um livro se une a nós organicamente, contaminando até mesmo os mais remotos corpúsculos que nos constituem. Conseguem discernir este livro na vida de vocês?
Coluna
Pedro Gonzaga: Um herói
Dias atrás, participei de um evento organizado em torno do livro que mudou minha vida: "Pergunte ao Pó"