O casarão onde Getúlio Vargas viveu parte da vida com a esposa Darcy Sarmanho Vargas e os filhos, em São Borja, foi fechado para uma grande restauração. Desde a década de 1980, o local abriga um acervo de mais de 2 mil itens que rememoram a trajetória do estadista gaúcho.
Com a reforma, o local que abriga o extenso acervo ganhará novo status: além da visitação de turistas e curiosos, o museu deverá constituir um importante espaço para pesquisas. Os itens incluem fardas, ternos e objetos de uso cotidiano, além de relíquias fotográficas que retratam diferentes momentos do estadista. Para historiadores, trata-se de uma rara coleção.
- O museu deverá ser referência de pesquisa sobre a vida de Getúlio. O acervo fotográfico é riquíssimo, com imagens que só encontramos aqui no Estado - observa a historiadora Glaucia Vieira Ramos Konrad, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que organizou um inventário sobre o acervo do museu.
A etapa inicial começa pela cobertura, com troca de parte da estrutura atual e a construção de uma subcobertura para proteger o prédio de infiltrações. Também serão reformados pisos, esquadrias, portas e janelas. Está prevista ainda a construção de um prédio anexo, nos fundos do casarão.
- As características originais do imóvel serão preservadas. A previsão de conclusão é um ano - diz a arquiteta responsável, Berenice Pinto da Costa Rodrigues.
Construído em 1910 e repassado ao município em 1982, por iniciativa de um dos filhos do político, o médico Lutero Vargas, que também foi um dos organizadores do acervo do museu, o prédio está bastante deteriorado. Em razão das obras, o acervo documental está disponível para visitação no 2º Regimento de Cavalaria Mecanizado (RCMec), na capela da unidade militar.
- A família fica muito honrada com este projeto. Foi a casa onde o tio Getúlio advogou, onde nasceram seus filhos e de onde partiu para se tornar o político que foi - observa Viriato Surreaux Vargas, sobrinho-neto do político e presidente da Associação Cultural Getúlio Vargas, de São Borja.
Haverá ainda uma escavação arqueológica em busca de objetos que possam estar enterrados no terreno do casarão, realizada pela equipe da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc).
Acervo fotográfico raro
Pesquisadora da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Glaucia Vieira Konrad catalogou recentemente o acervo do Museu Getúlio Vargas. Para ela, o conjunto de fotografias é o grande destaque dos objetos do museu. É formado, em sua maioria, por fotos do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). Entre centenas de exemplares, é possível encontrar imagens de Vargas em viagem aos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Paraná (1938), na fazenda do pai e na casa em São Borja, com a visita de artistas no Palácio Guanabara, em manifestação popular de apoio à Força Expedicionária Brasileira (FEB) (1944), entre outros eventos.
- Todas elas inéditas no que diz respeito à produção acadêmica e de interesse histórico nacional, pois acompanham a trajetória de Vargas durante o Estado Novo (1937 - 1945) - afirma a pesquisadora.
No futuro, o museu pretende digitalizar o acervo fotográfico e documental para disponibilizar parte do seu acervo na internet.
Getúlio em 2014 nos cinemas
Um Tony Ramos irreconhecível (com maquiagem e enchimento que o deixa 30 quilos mais gordo) representará Getúlio Vargas no filme Os Últimos Dias de Getúlio, rodado em julho no Rio de Janeiro. O longa marca a estreia na direção de longas de ficção de João Jardim (de documentários como Lixo Extraordinário e Janela da Alma). Tem custo estimado em R$ 6 milhões e deve chegar aos cinemas em 2014, contando em detalhes os 19 derradeiros dias do ex-presidente - entre o atentado a Carlos Lacerda e o suicídio de Getúlio, em 1954.
Vargas também está em evidência na segunda parte da monumental trilogia biográfica Getúlio, escrita pelo jornalista Lira Neto e que chegou às lojas no mês de agosto. Depois de contar a história do ex-presidente da infância até 1930, Neto aborda seus primeiros anos no poder, da vitória na Revolução de 30 até o fim do Estado Novo, em 1945. Seus últimos anos serão contados num terceiro livro, a ser lançado em 2014, quando o suicídio de Vargas completará 60 anos.