Se a ópera pode ser entendida como a forma de arte multimídia por excelência, reunindo canto, orquestra, texto falado, dança, cenografia, ação cênica, figurinos e por vezes vídeo e efeitos especiais embasbacantes, o que dizer de uma ópera que foi reduzida à essência, nua e crua, despida de tudo, menos de sua música? Performances em forma de concerto de uma Aida ou uma Carmen geralmente sobrevivem a tamanha nudez, mas ao custo de serem bem menos espetaculares que suas versões completas. Fidelio, a única ópera de Beethoven, encontra na música sua verdadeira força expressiva e põe à prova a opinião de Nietzsche de que "a música de Beethoven é música a respeito de música". Não se trata aqui somente de música pura, abstrata: Fidelio é uma obra inspirada em ideais extramusicais caros a Beethoven, como heroísmo, autossacrifício, liberdade e amor conjugal. Leonore assume o disfarce de Fidelio, ajudante do carcereiro-chefe cuja prisão mantém seu marido, Florestan. Leonore é impulsionada pelo desejo de salvá-lo da morte, em um ato de amor incondicional e rebeldia contra o sistema - elementos que, somados à luta pela liberdade em meio à adversidade, alimentam a contemporaneidade de Fidelio.
Opinião
Orquestra se sai bem em versão não encenada da ópera "Fidelio"
"Fidelio" encontra na música sua verdadeira força expressiva e põe à prova a opinião de Nietzsche de que "a música de Beethoven é música a respeito de música"