Um dos principais coordenadores da reforma educacional espanhola, o professor da Universidade de Barcelona Cesar Coll afirma que o papel da educação é ensinar os leitores a tirar o melhor proveito das tecnologias. Para o especialista, a leitura em outras plataformas pode ser tanto benéfica como empobrecedora.
- É preciso aprender a usar as tecnologias para fazer um uso construtivo delas - explicou durante uma entrevista coletiva, nesta quinta-feira.
Risonho e acolhedor, Coll está em Passo Fundo, no norte do Estado, para palestrar na 15ª Jornada Nacional de Literatura. Ao lado de outros grandes nomes como Massimo Canevacci, Nelson Pretto e o português J.A. Furtado, ele discutirá o tema "Convergência das Mídias", às 19h, no Palco de Debates.
O espanhol afirma os leitores precisam ser orientados a explorar as possibilidades da tecnologia, que possui vantagens e desvantagens. Conforme o educador, como existem muitas possibilidades, há uma necessidade de aprender a ler cada formato e cada suporte, para poder tirar vantagens deles.
Ele explica que da mesma maneira com que se pode usar a literatura impressa para "fazer barbaridades", essa possibilidade também existe com as novas tecnologias, que modificaram a relação do leitor e do autor com a obra. _ Temos de convergir tudo isso em vantagens _ completa Coll.
Papel do professor é essencial
Além de lecionar Psicologia Evolutiva da Educação em Barcelona, Coll também participou como consultor do Ministério da Educação na elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Brasil, documento publicado em 1998. Segundo ele, havia no país uma necessidade de criação de um norte curricular para que escolas e professores pudessem trabalhar.
A proposta do documento é que, a partir dele, cada estado pudesse elaborar seus próprios referenciais, como fez o Rio Grande do Sul.
Embora os Parâmetros Curriculares Nacionais e os Referenciais Curriculares do Rio Grande do Sul proponham que os professores ensinem a gramática por meio da leitura e do contexto, preferencialmente com textos autênticos, ainda há livros didáticos no país que mantêm a antiga linha de ensino da gramática descontextualizada. Sobre a relação conflituosa entre os documentos oficiais e parte dos livros fornecidos às escolas, Coll comenta que o livro didático é apenas um instrumento de ensino e seu uso depende de cada professor:
- Há professores bons com livros didáticos ruins e professores ruins com livros didáticos bons.
Mesmo quando não são adequados à nova proposta educacional, em muitas famílias brasileiras os livros didáticos são os únicos livros da casa, segundo o educador. Para ele, cabe ao professor avaliar e reformular atividades propostas pelos livros. Por isso, é preciso investir cada vez mais na formação destes profissionais, essenciais na mediação da leitura.
Leituras digitais
"É preciso aprender a usar a tecnologia", afirma espanhol Cesar Coll na Jornada
Professor da Universidade de Barcelona, especialista foi um dos principais coordenadores da reforma educacional espanhola
Fernanda da Costa
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