Peter namora Jule, que, por sua vez, envolve-se com Jan, o melhor amigo de Peter.
São todos jovens, sem situação econômica estabelecida, e vivem de pequenos trabalhos. Até então, igualam-se a inúmeros outros por aí.
A história começa a mudar quando Jule descobre que os rapazes costumam invadir residências de milionários para praticar um estranho tipo de ativismo. Nada é furtado. Apenas a mobília é mudada de lugar. Eles também deixam um bilhete que critica a fartura financeira do proprietário.
Se você assistiu ao filme alemão Edukators (2004), dirigido por Hans Weingartner, certamente achou o enredo familiar. Pois uma produção carioca adaptou a trama para o teatro. Edukators - o título foi mantido - terá sessões nesta terça (14/5) e nesta quarta (15/5), às 20h, no Teatro Sesc Centro, dentro da programação do 8º Festival Palco Giratório Sesc-POA.
O espetáculo chega à Capital com uma alteração no elenco. Intérprete de Jule, Natália Lage será substituída por Carol Portes na sessão desta terça, devido a compromissos com a gravação do seriado global Tapas & Beijos, mas volta ao palco nesta quarta. Completam a equipe Pablo Sanábio, como Peter, Fabrício Belsoff, na pele de Jan, e Edmilson Barros, no papel de Hardenberg, um milionário que é credor de Jule e cuja residência é invadida pelos jovens. Desta vez, no entanto, as coisas dão errado, e os rapazes se veem impulsionados a sequestrá-lo. Acontece que Hardenberg é um ex-jovem revolucionário, o que cria um conflito de gerações. Surgem, daí, questionamentos: em que momento se deixa de sonhar com a igualdade? Todos serão conformistas um dia? A ânsia por um mundo melhor é uma mera fantasia pueril?
Na transposição do filme para a peça, com dramaturgia de Rafael Gomes, o elenco foi reduzido para quatro personagens. Foram criadas algumas cenas exclusivas, como os monólogos que os atores interpretam dirigindo-se ao público. A versão para o cinema estava situada na Alemanha antes da crise econômica europeia, um país que ainda vivia a difícil integração entre o rico lado ocidental e o menos favorecido lado oriental. Em que sentido a ação diz respeito ao público brasileiro?
- No sentido de que os jovens estão sempre em movimento de contestação. Além disso, infelizmente, a injustiça social continua muito forte. Isso é totalmente a realidade brasileira - responde o diretor João Fonseca.
Será que podemos considerar que o ativismo praticado pelos três jovens, que não pegam em armas, é uma estratégia eficaz de lutar por um, digamos, mundo melhor? Fonseca avalia:
- Não podemos julgar se é eficaz ou não. O legal é que eles estão fazendo alguma coisa. Mesmo que seja de uma forma ingênua, que não se sabe se vai dar certo, eles estão tentando. Estão insatisfeitos com o jeito como as coisas são. Isso faz com que a peça continue sendo atual e válida.
Contra o conformismo
Peça inspirada no filme "Edukators" participa do 8º Festival Palco Giratório
Espetáculo tem sessões nesta terça e nesta quarta no Teatro Sesc Centro, em Porto Alegre
Fábio Prikladnicki
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