O juvenil A Mocinha do Mercado Central e o livro-reportagem Saga Brasileira: A Longa Luta de um Povo por sua Moeda são os grandes vencedores do Prêmio Jabuti 2012, o mais tradicional da literatura brasileira.
Eles venceram nas categorias Livro do Ano Ficção e Livro do Ano Não Ficção, respectivamente.
Promovida pela Câmara Brasileira do Livro, na noite desta quarta, em São Paulo, a cerimônia premiou ainda os vencedores das 29 categorias concorrentes, divulgados em 18 de outubro, condecorando também os segundos e terceiros colocados em cada uma.
O livro A Mocinha do Mercado Central, de Stella Maris Rezende, vencedor nas categorias Juvenil e Livro do Ano Ficção, conta a história de uma menina chamada Maria Campos, que vive no interior de Minas Gerais. Triste por não ter o nome do pai e inspirada na amiga de vários sobrenomes Valentina Vitória Mendes Teixeira Couto, a garota resolve adotar, em cada lugar por onde passa, uma personalidade que corresponda ao sentido de um nome escolhido.
Com ilustrações de Laurent Cardon e participação do ator Selton Mello, a obra fala da vida em uma fase de transformações, repleta por descobertas e desafios. A escritora conta ainda com outros livros publicados, como A Menina Luzia, A Sobrinha do Poeta e A Guardiã dos Segredos de Família.
Ganhador na categoria Livro do Ano Não Ficção, Saga Brasileira: A Longa Luta de um Povo por sua Moeda, escrito pela jornalista Miriam Leitão, já havia ficado em primeiro lugar em Reportagem. A obra trata da história econômica do Brasil, desde a hiperinflação até o plano Real, passando pelos congelamentos, planos que não duravam muito tempo e o confisco do governo Collor. Atuante na área de economia e negócios e colunista do jornal O Globo, Miriam procura abordar, no livro, o que os brasileiros passaram até que a moeda do país se estabilizasse. A jornalista traz na bagagem outra publicação, de crônicas, intitulada Convém Sonhar.
Apesar da festa, a 54ª edição do Prêmio Jabuti foi polêmica. O vencedor da categoria Romance foi um ficcionista estreante, Oscar Nakasato, com Nihonjin, uma saga histórica sobre a imigração japonesa no Brasil. O autor derrotou obras de alguns dos grandes narradores brasileiros, como Ana Maria Machado, Menalton Braff, Domingos Pellegrini e Wilson Bueno, em um resultado que teve influência direta de um dos jurados da categoria.
O julgador atribuiu notas um e zero em todos os quesitos a sete das 10 obras finalistas - e deu notas entre oito e 10 para os três livros que terminaram em primeiro lugar na categoria. O concurso acabou sendo definido por ele, uma vez que as notas dos três jurados são somadas para se tirar uma média. Apesar de considerada radical, a atitude estava dentro das regras e a premiação foi mantida.