Mal havia sido anunciado, o patrono da Feira do Livro 2012, Luiz Coronel, recordou: seu primeiro poema publicado em Porto Alegre, em 1963, chamava-se Poema da Feira.
Falava de uma feira mesmo, na qual o poeta desfilava "entre hortaliças e legumes". Mas, de 26 de outubro a 11 de novembro, Coronel desfilará pelos corredores da Praça da Alfândega entre bancas e livros.
O anúncio do patrono da 58ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre foi feito ontem pela manhã no Restaurante Moeda do Santander Cultural, no centro da Capital. Após saudar os 10 patronáveis, o presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro, Osvaldo Santucci Jr., entregou o envelope com o nome do eleito à patrona de 2011, Jane Tutikian.
_ Cheguei aqui hoje com a firme ideia de fazer uma mudança no estatuto e ampliar o mandato do patrono para quatro anos. _ brincou Jane.
Depois, ela repetiu com um toque pessoal o conselho que os patronos sempre ouvem de seus antecessores:
_ Tragam sapatos confortáveis, mas tragam também o coração aberto.
Depois de anunciado, Coronel devolveu a brincadeira:
_ Vou seguir o conselho, não virei nem de sapatos, mas de sapatilhas de balé.
Na sequência, em tom mais sério e emocionado, o novo patrono comentou:
_ Ser escolhido patrono é mais do que uma eleição, é uma convocação.
Nascido em Bagé em 1938, Coronel reside em Porto Alegre desde 1963 _ o ano em que publicou o Poema da Feira. De lá para cá, já lançou mais de 50 livros, que abrangem poesia, prosa e literatura infantil. Com tantas décadas de Porto Alegre, o poeta afirma que as lembranças de sua carreira estão entrelaçadas com a própria Feira do Livro.
_ Minhas primeiras sensações foram a apreensão de pensar se iria aparecer alguém nos autógrafos dos meus primeiros livros, como Mundaréu (1973). Depois, fui formando público, a feira foi crescendo. Minha sensação é de que eu e a Feira crescemos juntos _ disse Coronel.
Entre os principais trabalhos literários de Coronel, encontram-se, além de Mundaréu, Pensamentos Azuis (1978), Os Cavalos do Tempo (1987), Um Girassol na Neblina (1997) e coletâneas de "causos" gauchescos como O Cavalo Verde (2002), O Cachorro Azul (2003) e Filé de Borboleta (2011), que foi adaptado este ano pela RBS TV em uma série de quatro episódios estrelados por Leonardo Machado. Já publicou em 2012 Dicionário Amoroso, e vai lançar nesta Feira um novo volume reunindo sua poesia de temática social, com poemas inéditos ou que já saíram em livros anteriores.
Apropriadamente para um patrono anunciado no mês farroupilha, Coronel tem uma obra de marcada identificação com o regionalismo gaúcho _ é o letrista de populares e premiadas canções nativistas como Gaudêncio Sete Luas, Cordas de Espinhos e Canto de Morte de Gaudêncio Sete Luas, todas em parceria com Marco Aurélio Vasconcellos.