Há várias formas de medir a importância de Eleazar de Carvalho (1912 - 1996), que terá seu centenário celebrado nesta quinta-feira.
Uma delas é por meio de seus alunos, entre eles brilhantes maestros do mundo como Claudio Abbado, Seiji Ozawa e Zubin Mehta.
Cearence de Iguatu, Eleazar de Carvalho foi um dos maestros brasileiros de maior renome internacional. Regeu orquestras de ponta como a sinfônica de Boston (lecionou em Tanglewood, o festival de verão da orquestra) e as filarmônicas de Berlim e de Nova York. No Brasil, entre outras, comandou as sinfônicas do Estado de São Paulo (Osesp) e de Porto Alegre (Ospa), da qual foi diretor artístico e regente titular de 1981 a 1987 e de 1991 a 1992, marcando época.
A Ospa o homenageará no concerto desta terça-feira, às 20h30min, no Salão de Atos da UFRGS, na Capital. Com regência do argentino Mario Perusso, o programa terá obras dos franceses Claude Debussy (1862 - 1918) - Prélude à l'Après-midi d'un Faune e La Mer - e Maurice Ravel (1875 - 1937) - Alborada del Gracioso e Ma Mère l'Oye.
O maestro também será lembrado em um concerto da Orquestra Jovem do Rio Grande do Sul (que reúne alunos da rede pública) nesta terça, às 20h30min, no Teatro do Sinduscon (Augusto Meyer, 146, fone 51 3021-3448), na Capital, com entrada franca. A regência será de Telmo Jaconi.
Aluno de Carvalho no Festival de Inverno de Campos do Jordão em 1985, o maestro da Ospa Manfredo Schmiedt recorda:
- Ele sempre foi um professor enérgico em todos os sentidos. A disciplina durante as suas aulas e ensaios e a exigência na busca da perfeição sempre foram muito marcantes.
Assim como Leonard Bernstein, Carvalho foi pupilo de Serge Koussevitzky, maestro russo radicado nos Estados Unidos. Era a década de 1940. Depois, o aluno se tornou mestre, lecionando nas prestigiadas Juilliard School e na Universidade de Yale. Nos concertos, combinou tradição e modernidade.
- Eram programas muito bem equilibrados, sempre misturando o repertório mais desconhecido ou mais avançado com os cavalos de batalha do repertório sinfônico - diz Celso Loureiro Chaves, professor da UFRGS e compositor. - Ninguém saía sem algo bom a dizer dos concertos que ele regia. Sempre havia alguma surpresa, a mesmice era um pecado que ele combatia sem piedade.
Luiz Osvaldo Leite, presidente da Fundação Pablo Komlós, vinculada à Ospa, e ex-presidente da orquestra, resume:
- Eleazar foi um grande símbolo na história da música de concerto no Brasil. Tornou-se até um mito. Ele deu uma dimensão nacional para a Ospa.