Humberto Gessinger nunca trabalhou tanto na preparação de uma turnê. O músico, aos 61 anos, afirma que desde o final de 2023 vem se dedicando arduamente em seu repertório para voltar à estrada novamente. Desta vez, a ideia é celebrar os discos acústicos gravados pela sua lendária ex-banda Engenheiros do Hawaii — o primeiro, o da MTV, de 2004, e o segundo, de 2007, chamado Novos Horizontes.
Os dois álbuns são marcos importantes na história do grupo, que reafirmaram o seu enorme sucesso no país nas décadas anteriores e, também, já acenavam para uma despedida definitiva de um conjunto que marcou época — o fim se daria em 2008. E, se o Engenheiros não existe mais — apesar de estar sempre presente na memória dos fãs —, esta turnê de Gessinger vai ao encontro do ponto de partida da banda, 40 anos atrás.
Sempre penso que não vai ter ninguém no show, que ninguém vai se interessar pelos meus discos. É um pensamento bom para a gente ter. Não gosto de me pensar como um produto e no público como consumidor
HUMBERTO GESSINGER
Esta nova série de shows se inicia no sábado (11), no Auditório Araújo Vianna, a partir das 21h. Nesta mesma data, em 1985, os Engenheiros do Hawaii subiam pela primeira vez, de maneira despretensiosa, em um palco — improvisado, na Faculdade de Arquitetura da UFRGS. E o resto é história, que caminha até este ponto. Gessinger, que foi o único músico presente na banda durante todo o seu período de atividade, agora, revisita esta jornada.
— Confesso que até já tinha esquecido essas coisas de aniversário. Tenho o maior orgulho de estar tanto tempo na estrada, mas, para mim, as músicas e a maneira como estou tocando elas sempre estão na frente destes eventos. Mas vai ser uma noite emocionante. E acontecer em Porto Alegre é muita sorte. Não é a cidade em que tenho mais público, mas é onde toquei em todos os tipos de espaços. Comecei no bar, depois nas danceterias, no teatro, no Gigantinho. Porto Alegre é uma escada onde pisei em cada degrau — conta o músico.
E, mesmo que a cidade não concentre, na visão de Gessinger, o maior número de fãs, aqueles presentes na Capital se mostraram sedentos por ouvir o músico e logo tomaram conta de todos os assentos do Araújo Vianna. Uma data extra foi aberta, no domingo (12), a partir das 20h. E, novamente, a procura foi intensa, esgotando as cadeiras. Por isso, foram abertos os lugares em pé, nas laterais do auditório — e é bom correr para garantir, pois estão indo rápido (conferir serviço abaixo).
— Quando falei para a minha irmã que a gente ia tocar no dia 11 aqui, ela disse: "Como tu é burro, são férias em Porto Alegre, ninguém está aí". Aí eu fiquei: "Pô, é mesmo, vou tocar sozinho". Mas sempre penso que não vai ter ninguém no show, que ninguém vai se interessar pelos meus discos. E acho que é um pensamento bom para a gente ter. Não gosto de me pensar como um produto e no público como consumidor, nem nessa relação de custo-benefício, se lotou ou não, quanto custa a cadeira. Eu acho que sou um hippie velho (risos) — diz Gessinger.
Clássicos e futuros clássicos
A turnê que se inicia em Porto Alegre terá, neste primeiro momento, os dois álbuns acústicos quase sendo tocados na íntegra — ou seja, sucessos como O Papa é Pop, Era um Garoto que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones, Infinita Highway, Toda Forma de Poder e Piano Bar estarão presentes. Mas, com a inquietude por construir novas obras de Gessinger, esta série de shows ganhará atualizações.
Em fevereiro, Gessinger vai para a Suécia visitar a sua filha, Clara, e por lá gravará uma inédita, Paraíbah, uma parceria com Chico César, que será acrescida futuramente na tour. Além desta, uma outra canção nova, Sem Piada Nem Textão, também deverá aparecer no projeto mais para frente. E tudo isto deverá convergir para um novo álbum, a ser lançado ainda em 2025.
— A gente vai seguir, no mínimo, o ano inteiro na estrada com esse show, tocando essas músicas (dos álbuns de 2004 e de 2007) em formato acústico. Mas, até serem lançadas, não vou tocar as duas músicas inéditas. Gosto que, para a primeira impressão da música inédita, o cara esteja no habitat dele, no rádio do carro ou no quarto ou com fone. Acho que show é um pouco para outra coisa. As pessoas não têm mais muito tempo e muita atenção. Então, tenho que me segurar para não correr mais do que a bola — reflete.
Para estas duas apresentações no Araújo Vianna — e na turnê —, o músico vai tocar viola caipira, bandolim, piano e violão, além de cantar. Ele estará acompanhado de seus parceiros de outros projetos: Felipe Rotta no violão; Fernando Peters no baixo; Paulinho Goulart no acordeon; e Rafael Bisogno na bateria. Será um momento de reverenciar o que passou, mas com um outro olhar, um que está sempre vislumbrando o futuro, sem se acomodar.
Humberto Gessinger - Acústicos Engenheiros do Hawaii
- Neste sábado (11), às 21h, e no domingo (12), às 20h, no Auditório Araújo Vianna (Avenida Osvaldo Aranha, 685), em Porto Alegre.
- Ingressos: a partir de R$ 150 (solidário, mediante doação de 1kg de alimento não perecível).
- Pontos de venda sem taxa: Loja Planeta Surf Bourbon Wallig (Av. Assis Brasil, 2.611), das 10h às 22h, somente em dinheiro; e bilheteria do Araújo Vianna, somente no dia do evento, duas horas antes do show.
- Ponto de venda com taxa: pela plataforma Sympla.
- Desconto de 50% para sócios do Clube do Assinante e acompanhante.
- Classificação etária: 16 anos.