Montar a barraca, torcer para que a chuva não atrapalhe além da conta, correr pela grama a tempo de conseguir pegar o início do show daquela banda favorita e, se a temperatura subir demais, tomar um banho de rio. Após hiato durante a pandemia, o Morrostock renasce no Balneário Ouro Verde, em Santa Maria, na Região Central do Rio Grande do Sul, para comemorar 15 anos (completados em 2022) entre esta sexta-feira (8) e o domingo (10), chamando de volta os adeptos de um festival mais pé no barro e menos ostentação.
É um evento menor do que o de 2019, quando houve a última edição, mas com o tradicional line-up menos badalado e mais focado em bandas que não explodiram no cenário nacional. Acima de tudo, ainda disposto a deixar uma marca diferenciada na agenda cultural do Rio Grande do Sul e do Brasil inteiro, já que extrapola o conceito de festival de música para oferecer uma experiência cultural no meio do mato.
Fundado em 2007 em Sapiranga, o Morrostock viveu boas e más fases. Logo no início, quando ainda ocorria ao pé do morro Ferrabrás, já havia se tornado um dos principais eventos de música independente do Estado, servindo de palco para bandas de todas as regiões mostrarem suas composições. Ao se mudar para o Sítio Picada Verão, fez uma edição memorável em 2014, com mais de 80 shows ao longo de três dias e reunindo a nata do rock gaúcho, com Júpiter Maçã, Wander Wildner, Jimi Joe, Tenente Cascavel, Cartolas e Identidade tocando em uma mesma noite.
A busca por um novo local a partir de 2015 e a aterrissagem na zona rural de Santa Maria em 2016 provou que havia um público fiel disposto a colocar o pé na estrada e a barraca no carro rumo ao festival onde quer que ele estivesse. Em 2019, uma programação misturando bandas menores — e seus fiéis séquitos de fãs — com artistas renomados, como Céu e Nação Zumbi, levou à maior edição em quatro anos, com 1,3 mil pessoas espalhando-se pelo balneário, praticamente a capacidade máxima de 1,5 mil cabeças permitidas.
A edição de retomada será quase uma volta aos primórdios. Foram pouco mais de 500 ingressos vendidos, e o cantor carioca Rogério Skylab, com sua estética underground, será um dos principais nomes da programação. Criador do festival, Paulo Zé Barcellos está mais preocupado em colocar a estrutura em pé novamente e desfrutar de um evento cuja proposta original sempre foi sair do padrão. A vantagem é que pela primeira vez o evento contou com recursos de lei de incentivo, a LIC-RS. Os passaportes para os três dias, com direito aos shows e acesso ao camping, estão à venda no site até sexta-feira. No sábado e no domingo, a venda de ingressos ocorre apenas no local.
— Estamos renascendo após a pandemia. Não foi fácil chegar até aqui. Submetemos o projeto à LIC por três vezes, e somente na quarta vez fomos indicados. Quando saiu a liberação, faltavam dois meses e meio para o festival. O Morrostock é um festival que necessita de pelo menos oito meses para as pessoas se programarem. Ainda estamos lutando contra o tempo. O que importa é que estamos preparando um festival sustentável, inclusivo e inovador em meio à natureza, para que a galera possa ter uns dias de respiro — afirma Barcellos.
Diferentes estilos e sotaques latinos circularão pelo Morrostock, como o rock do grupo paraguaio Villagrán; o ska da banda uruguaia Coff Coff; o "rock da favela" do cearense Mateus Fazeno Rock; o jazz da cantora e guitarrista trans Jessie Jazz, de Gravataí; a MPB de Juliana Linhares, do Rio Grande do Norte; e o ritmo carnavalesco porto-alegrense do Bloco da Laje, atração confirmada do Morrostock desde 2016.
— Estamos nos abrindo para o novo. Depois da pandemia, além de tudo ter ficado caro, pulsaram os festivais de 12 horas em Porto Alegre. Não temos como competir com esses festivais, e nem queremos. Precisamos montar um line-up que oxigene a cena do Rio Grande do Sul e mostre um pouco do que está acontecendo no Brasil — diz Barcellos.
Morrostock - 15 anos
- Desta sexta-feira (8) a domingo (10), com shows em diferentes horários.
- Em Balneário Ouro Verde (Estrada Mun. Norberto José Kipper, s/n° — Arroio Grande, divisa entre Santa Maria e Itaara).
- Passaporte para os três dias a R$ 330 (solidário, mediante a doação de 1kg de alimento não perecível), à venda no site até sexta-feira. É possível adquirir entrada para apenas um dos dias por valores entre R$ 100 e R$ 120 (solidários). A venda de ingressos também ocorre no local nos três dias de evento.
- Desconto de 50% para sócios do Clube do Assinante na venda pelo site ou no local.
Programação
Nesta sexta-feira (8)
Palco Pachamama
21h - 50 Tons de Pretas
23h - Mateus Fazeno Rock
1h - Black Pantera
3h - Bia Nogueira
Palco Pacal
19h - Txai Rap
20h - Bicho Cabeludo
22h - Juan Mariño
0h - Lucas Hanke e Cromatismos de Sensações
2h - Suco Voador
4h - Cor do Invisível
Neste sábado (9)
Palco Pachamama
17h - Juliana Linhares
19h - Villagrán
21h - Coff Coff
23h - Rogério Skylab
1h30min - La Imbailable Cumbia Orquestra
3h30min - Flor ET
Palco Pacal
14h - Bloco no Caminho Eu Te Explico
16h - 43 Duo
18h - A Virgo
20h - Quem É Você Alice
22h - Lupe de Lupe
0h30min - Se Armó Kokoa
2h30min - Jessie Jazz
4h30min - Hate Moss
Palco Lago
11h - Marcelo Fruet
12h - Tatá Aeroplano
13h - Estrela Leminski e Téo Ruiz
Domingo (10)
Palco Pachamama
16h - Bloco da Laje
Palco Pacal
13h -Sophia Loren Corporation
14h - Transmissão Beta
15h - Canto Cego
Palco Lago
10h - Monte Blanco
11h - Flávio Delli