Ludmilla jura que Cobra Venenosa, sua nova música lançada nesta sexta-feira (3), foi composta por ela há três anos. Porém, é praticamente impossível não associar a letra aos conflitos entre ela e Anitta, que começaram em 2019 após a discussão impulsionada por fãs sobre a autoria do hit Onda Diferente. “Cobra invejosa, não sai do lugar, fica me difamando pra poder me atrapalhar” é só um dos trechos da nova canção, registrada no dia em que a artista lançou uma carta aberta expondo áudios e conversas da briga entre as duas.
— Essa foi uma música que compus há três anos. Minha inspiração foi falar das mulheres que nos apoiam, que fecham com a gente — esclareceu a cantora, em entrevista a GaúchaZH.
Mesmo com todas as coincidências, Ludmilla reafirma que a letra não fala de rivalidade, mas sim da união feminina - o que, para ela, não quer dizer concordar com todas as opiniões.
— A gente só aceitar o que outra mulher diz por sermos mulheres e termos que defender umas às outras pode ser algo vazio. Quantos discursos com os quais você não concorda vai endossar? É preciso haver espaço para o diálogo, o debate e a reflexão sem que isso necessariamente seja visto como um ato de rivalidade, mas, sim, de crescimento, de cuidado — disse, ponderando que há certo machismo nessa ideia:
— Se fosse um homem apontando questões para as atitudes de outro homem a gente falaria que eles são rivais ou que estão querendo se ajudar a melhorar? — questionou.
Para promover a música e o clipe de Cobra Venenosa, Ludmilla traçou uma estratégia que envolveu um “apagão” nas redes sociais e divulgou um vídeo simulando um plantão jornalístico, onde menciona, de forma irônica, uma possível desistência da carreira – hipótese totalmente descartada por ela.
— Passei a focar no que é bom, no que é positivo, no que eu quero construir e como posso contribuir para uma sociedade mais justa, mais inclusiva e mais diversa. Uso minha voz para isso. Por isso, não fico mais calada ao ser atacada, por exemplo, como aconteceu com as injúrias raciais que sofri.
O episódio de racismo lembrado por Ludmilla aconteceu no Prêmio Multishow 2019, quando a cantora foi vaiada e chamada de “macaca” ao subir no palco duas vezes para receber os troféus nas categorias Música Chiclete (vencida por Onda Diferente) e Melhor Cantora do Ano – Anitta estava apresentando a cerimônia e também era uma de suas concorrentes.
Para Ludmilla, o novo hit também chega para rebater as críticas e o preconceito:
— Cada ataque desse é um veneno que acaba chegando a mim dia a dia. O meu antídoto é saber quem eu sou, de onde vim, onde quero chegar. (...) Não basta repudiar o racismo, é preciso ser antirracista. É preciso ser contra qualquer tipo de preconceito que faça com que não sejamos vistos como iguais — explicou.
Dirigido por João Monteiro, o clipe da nova canção chega recheado de metáforas, artifício também usado em Verdinha, onde a cantora aparece em uma plantação de alface, quando claramente a letra da música fala de maconha sem citar a droga.
— O lúdico é sempre um ótimo artifício para abordar questões importantes, acho que fazer dessa maneira traz uma reflexão interessante. O clipe se passa todo em um cenário inóspito, tem essa dureza que a ambientação traz, e como a união das mulheres ali faz a diferença —disse Ludmilla, animada.
Preparação para ser atriz
Ludmilla afirmou estar “doida para pisar no set” após ser convidada para participar da segunda temporada de Arcanjo Renegado, do Globoplay. O convite veio do criador da série, José Junior, após a cantora elogiar a produção nas redes sociais. Por conta da pandemia, as gravações para o novo ano do seriado seguem paralisadas, mas a cantora já está se preparando para dar vida à policial Diana:
— Tenho muita curiosidade para saber como será. Por enquanto, estou fazendo a preparação, treinamento tático. Está sendo um desafio e tanto. Estou muito feliz em expandir a minha arte e poder me comunicar artisticamente também dessa maneira — disse.