Uma das iniciativas musicais de maior sucesso de Porto Alegre, a Oficina de Choro, que durante 15 anos reuniu artistas interessados em música brasileira no Santander Cultural, abriu na última sexta-feira as inscrições para a edição de 2019, desta vez no Instituto Ling.
A mudança faz parte do processo de renovação por que passa o Santander, que suspendeu as oficinas e a programação musical de sua agenda, e parece ter agradado ao público: nas primeiras quatro horas de inscrições abertas, mais da metade das vagas já haviam sido preenchidas. Se no espaço anterior eram 400 vagas, no Ling há espaço para 200 alunos – por isso, mais uma turma de 200 alunos deve receber aulas na Sala de Música do Multipalco Eva Sopher, no complexo do Theatro São Pedro.
A coordenação do projeto, que por uma década ficou a encargo de Luiz Machado, passou a Mathias Pinto, há cinco anos. No Santander, o músico dividia as aulas com seus parceiros de Sexteto Gaúcho. A partir deste ano, com as mudanças, todas as classes – que incluem oficinas de harmonia, composição, canto, arranjo, solo e mesmo fundamentos básicos – ficam por conta de Pinto. Segundo o coordenador, o sucesso do projeto se dá por uma combinação de continuidade do trabalho, interesse público e ascensão da música brasileira.
– A música brasileira vem sendo revalorizada, com espaços para apresentações e interesse das pessoas, principalmente em Porto Alegre. Isso foi acompanhado por um projeto de educação, que foi a oficina, o que ajudou a renovar o cenário e criar uma geração de músicos capacitados e talentosos – orgulha-se Mathias Pinto, que foi aluno em uma das primeiras turmas da oficina, há 12 anos.
Projeto do músico e produtor Carlos Branco, que é responsável pela programação musical do Instituto Ling, a Oficina de Choro resiste a crises e mudanças graças ao impressionante interesse popular nos últimos anos, a média era de mil inscrições por ano. A quantidade de músicos formados – que, em 15 anos, incluem nomes que se tornaram frequentes no cenário regional, e mesmo nacional, como Pedro Franco, Henry Lentino, Elias Barboza e Max dos Santos – fez surgir uma ideia ainda mais ambiciosa: uma orquestra, que deve sair do papel neste ano.
– É a primeira orquestra deste tipo na história do Rio Grande do Sul. Vamos reunir músicos de ponta, gente da UFRGS, da Ospa, músicos profissionais e alunos da oficina. Será um formato inovador, uma iniciativa diferente, e já prevemos o início das atividades em março – conta Pinto.
A parceria com o Theatro São Pedro também deve render novidades: o projeto O Choro é Livre, que por muito tempo promoveu apresentações do gênero no foyer do teatro, deve ser retomado a partir de julho. No Ling, também haverá iniciativas ligadas ao gênero. Para Branco, a mudança de local pouco muda a natureza da oficina:
– Quando entramos em contato com o Ling, eles abraçaram a ideia imediatamente. Além de bancar a oficina, via Lei Rouanet, vão promover uma agenda que valoriza o choro. Em março, vamos lançar o disco do Sexteto Gaúcho lá.
As inscrições para a Oficina de Choro podem ser feitas pelo site oficinadechoro.com.br até 15 de março. Depois, será feita a seleção dos participantes. Quando as 200 vagas para o Instituto Ling forem preenchidas, a organização deve abrir vagas para as turmas no Multipalco Eva Sopher. As inscrições posteriores devem entrar em uma fila, que será chamada em caso de desistências.