
Apesar da chuva moderada que começou a cair ao fim do dia, fãs de música clássica e ópera se reuniram, na noite deste domingo (3), para assistir a um espetáculo musical gratuito na Igreja das Dores, no Centro Histórico. Com regência de Fernando Cordella e performance dos grupos As Mulheres de Bah! e Camerata Ars Antiqua, o Concerto de Natal para Porto Alegre foi promovido pela 11ª Bienal do Mercosul para finalizar o ciclo de atividades culturais em 2017.
A exposição está prevista para ocorrer de 6 de abril a 8 de julho de 2018. Mas, para aproximar-se dos porto-alegrenses, a Fundação Bienal vem promovendo, desde março deste ano, palestras e apresentações culturais. Em novembro, por exemplo, a organização fez uma parceria com a Feira do Livro e trouxe o nigeriano ganhador do prêmio Nobel de Literatura, Wole Soyinka.
Nesta 11ª edição da Bienal, o tema escolhido foi "O Triângulo do Atlântico na Contemporaneidade". A ideia, aqui, é trazer uma reflexão, permeada por artes visuais, teatro, música e cinema, sobre as origens do povo gaúcho, formado por uma mistura de raças de três continentes banhados pelo mesmo oceano: América do Sul, Europa e África – este último ganhará mais destaque. As atividades devem ocorrer também em áreas abertas, como praças e ruas.
— Ao contrário das dez Bienais anteriores, decidimos trabalhar o tema ao longo de todo o ano. Além disso, a Igreja das Dores receberá uma das obras mais importantes desta edição: uma instalação sonora com dialetos de povos africanos e indígenas de toda a América. Esse é o objetivo da Bienal, reunir as diferenças — diz Gilberto Schwartsmann, presidente da Fundação.
Esta foi a segunda apresentação promovida pela Bienal na Igreja das Dores neste ano – em 26 de março, uma apresentação da Orquestra de Câmara Theatro São Pedro e da Banda Municipal de Porto Alegre inaugurou as atividades de 2017 e encheu as escadarias. Neste domingo, a chuva não ajudou a lotar os bancos da igreja. Mas quem foi ao local conferiu uma cena agradável.

A apresentação de pouco mais de uma hora começou às 20h12min, em meio à luz do crepúsculo. Dentro da igreja, os seis candelabros do átrio e as 32 velas no altar construíram uma atmosfera aconchegante, graças à luz amarelada e às peças, com melodia natalina. Atento, o público acompanhou as apresentações, cujo destaque foram as performances da mezzo-soprano Angela Diel e da soprano Andiara Mumbach.
O repertório inclui obras como Sinfonia Spirituosa Re M (G. P. Telemann), Sinfonia da Cantata BWV 156 com solo oboé (J. S. Bach), trechos de Messias (G. F. Händel) e Vos Me Pris (M. Lambert).
Com a igreja de portas abertas, fiéis desavisados entravam de mansinho e, cativados pela apresentação, sentavam-se com curiosidade. Está aí, talvez, uma metáfora da 11ª Bienal do Mercosul: tentar popularizar a arte contemporânea e mostrar a um polarizado povo gaúcho que somos unidos pela diversidade nas origens.
