Uma notícia pegou de surpresa o mundo da música no domingo de Natal. O cantor britânico George Michael morreu aos 53 anos, em Oxfordshire, na Inglaterra, onde estava com a família. A informação surgiu de um agente do artista e foi confirmada pela imprensa do Reino Unido na noite deste domingo (madrugada no horário local). A polícia confirmou que não houve registro de "circunstâncias suspeitas", indicando tratar-se de um problema de saúde.
De acordo com Michael Lippman, empresário do cantor, em entrevista à revista americana The Hollywood Reporter, o artista sofreu uma insuficiência cardíaca.
– A morte por insuficiência cardíaca foi inesperada – disse Lippman.
Filho de um restaurador cipriota que mudou-se para Londres nos anos 1950, Georgios Kyriacos Panayiotou homenageou o pai ao escolher o nome artístico – batizado Kyriacos Panayiotou, o patriarca mudou o nome para Jack Michael ao se estabelecer na capital inglesa. O cantor, que começou a carreira como DJ, obteve grande destaque na música pop na primeira metade dos anos 1980 à frente da banda Wham!. Dono de hits como Wake me up before you go-go e Everything she wants, o Wham! costumava marcar posição política de oposição ao conservadorismo de Margaret Thatcher.
Leia mais:
Elton John se manifesta sobre a morte de George Michael: "profundamente chocado"
Ticiano Osório: Seus versos farão falta, sua dança fará falta
Elton John e James Taylor cantam no Beira-Rio em 2017
Homossexual assumido, George Michael ganhou notoriedade mundial como referência de moda e comportamento logo que se lançou em carreira solo, em 1987. Seu primeiro disco, Faith, chegou ao topo das paradas graças a sucessos como I want your sex. Com essa e outras canções que lançou até o início dos anos 1990, o cantor se tornou um ícone da chamada era de ouro do videoclipe, apostando em produções grandiosas nas quais desfilavam modelos internacionais com figurinos de luxo – e alguma polêmica de caráter sexual, caso, por exemplo, de Freedom '90, canção do álbum Listen without prejudice – Vol. 1 (1990).
As calças jeans rasgadas, com brinco em forma de cruz em apenas uma orelha, marca da moda à época, devem muito de sua popularidade a George Michael.
A superexposição cobrou um preço: no início da década de 1990, o cantor moveu processo contra a gravadora Sony, acusando a empresa de abuso na exploração de seu trabalho. Outra polêmica se deu quando, com a música Shoot the dog, atacou Tony Blair e George W. Bush pelo início da chamada Guerra do Iraque – tido como um dos primeiros artistas a cobrar mais fortemente o primeiro-ministro inglês e o presidente americano, acabou perseguido por eles e por setores mais conservadores da mídia.
Seu quinto disco de inéditas, Patience, saiu logo em seguida ao escândalo. Foi seu álbum menos vendido, o que acabou tirando o astro dos holofotes. A coletânea Twenty five (2006) e o álbum ao vivo Symphonica (2014) restaram como seus últimos lançamentos em vida. Estima-se que George Michael tenha vendido pelo menos 80 milhões de cópias – algumas fontes, no Reino Unido, falem em 100 milhões.
A última vez em que George Michael ganhou as manchetes na imprensa foi em 2015, quando foi internado para tratamento do vício em drogas. Desde 2010, frequentou as páginas policiais dos noticiários – chegou a ser detido duas vezes. Neste domingo, pessoas próximas a George Michael cobraram a mesma privacidade, e não divulgaram detalhes sobre o seu sepultamento.
Na página oficial do cantor no Facebook, uma postagem feita em 2 de novembro diz que ele estava finalizando um documentário a ser lançado em março.
*ZERO HORA