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Metade das barracas que participam Feira do Livro de Porto Alegre são de um mesmo fornecedor, Ciro Humberto Lima Rodrigues, cujo depósito, em Eldorado do Sul, foi inundado pela enchente de maio. Embora não saiba precisar os danos, ele garante que vai batalhar para recuperar o que foi prejudicado e deixar todos os 36 estandes de madeira prontos para uso na próxima edição do evento, que vai celebrar 70 anos.
— Estou tentando o máximo possível, tirando as barracas aos poucos para secar. Algumas foram feitas com compensado naval; talvez, não tenham ficado tão danificadas. Estou tentando e vou conseguir fazer com que todos tenham sua barraca — promete.
Antigo livreiro que também participava da feira na Praça da Alfândega, Ciro se aposentou do ofício e, há cerca de 20 anos, fornece os estandes para as editoras e livrarias participantes. Costuma produzi-las em um mesmo padrão acertado com a Câmara Rio-grandense do Livro (CRL), que organiza o evento, e aluga até mesmo para feiras literárias no interior do Estado.
Outras 17 barracas suas estavam em Santa Cruz do Sul, onde acontecia a 35ª Feira do Livro entre o fim de abril e início de maio. Embora não tenham sido inundadas, por vários dias seguidos ficaram montadas debaixo de chuva. Dessas, Ciro também precisará avaliar os danos.
A outra metade dos cerca de 70 expositores que participam da Feira do Livro de Porto Alegre é composta por editoras e livrarias que têm suas próprias estruturas para o evento ou que aluga de um segundo fornecedor.
Caso as barracas de Ciro não estejam prontas a tempo para a 70ª edição, marcada para ocorrer entre 1° e 20 de novembro, Maximiliano Rodrigues, presidente da Câmara Rio-grandense do Livro, projeta alternativas. Uma saída seria utilizar estandes de octanorm, estruturas comuns em feiras e eventos em lugares fechados.
— A gente teria que construir mais barracas. Mas a Feira vai acontecer de qualquer jeito. Essa questão das barracas só nos dá mais dor de cabeça — admite Ledur.
Por causa da enchente, a campanha da próxima Feira do Livro de Porto Alegre precisou ser alterada. Diante da simbólica edição de 70 anos, a Câmara havia preparado uma mensagem festiva. Agora, será de ajuda, de colaboração, inclusive para que uma das mais antigas feiras literárias do mundo, golpeada por diferentes infortúnios, possa seguir acontecendo.
— A próxima Feira terá que ajudar os livreiros atingidos e fazer com que a população também valorize mais o evento — diz Ledur.