O corpo da escritora brasileira Nélida Piñon começou a ser velado na manhã desta quinta-feira (29) na sede da Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio de Janeiro. O velório começou pontualmente às 10h e se prolongou até as 15h.
Ainda na tarde desta quinta-feira, o corpo foi sepultado no Mausoléu da Academia, no Cemitério São João Batista, no bairro carioca de Botafogo.
Junto com o corpo da autora, estavam as cinzas de Gravetinho, um pinscher de estimação de Nélida que morreu, em 2017, aos 11 anos, por causa de uma pneumonia. As cinzas do animal estavam guardadas no escritório da escritora.
O traslado do corpo durou 11 dias até a resolução de problemas burocráticos e chegou ao Rio de Janeiro nesta quarta-feira (28). Na segunda-feira (2), a ABL realizará em seu salão principal a cerimônia Sessão da Saudade em homenagem ao legado e obra da brasileira.
Morte da escritora
Nélida Piñon morreu em 17 de dezembro em Lisboa, aos 85 anos. Ela estava em viagem por Portugal — e tinha passado antes pela Espanha - quando passou mal por problemas nas vias biliares (conjunto de ductos encarregados de transportar a bile até a vesícula, onde a secreção se armazena e, posteriormente, segue até o intestino delgado, onde ocorre a ação digestiva).
Cerca de 10 dias antes do óbito, a autora foi submetida a uma operação de emergência e teve um pós-operatório complicado. Devido a isso, teve que ficar na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), tendo sido transferida posteriormente para um quarto.
Segundo Merval Pereira, atual presidente da ABL, por conta dos problemas, a autora precisou passar por uma cirurgia de emergência e acabou não resistindo ao procedimento médico.
Em seu testamento, a escritora determinou que o dinheiro arrecadado com os direitos autorais de suas obras e o usufruto de seus quatro apartamentos no Rio de Janeiro sejam utilizados para o bem-estar de suas duas cachorras, a pinscher Suzy, 13 anos, e a chihuahua Pilara, três.
Na linha de beneficiários legais do testamento, está Karla Vasconcelos, que foi acompanhante e responsável por Nélida nos últimos anos.
Pioneirismo feminino na ABL
Nélida Pinõn nasceu em 3 de maio de 1937 no Rio de Janeiro. Apesar de ter se formado em Jornalismo, decidiu seguir sua paixão pela Literatura. Em 1961, lançou seu primeiro livro, o Guia Mapa de Miguel Arcanjo. Posteriormente, publicou outros trabalhos como A Casa da Paixão, Fundador, Tempo das Frutas e Sala de Armas.
Entre as obras mais conhecidas da autora estão A Doce Canção de Caetana, A República dos Sonhos e O Calor das Coisas.
Em sua jornada literária, Nélida também fez história ao se tornar a primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Letras em cem anos.
De 1996 a 1997, a autora a foi quinta ocupante da cadeira 30 da instituição e sucedeu o crítico literário Aurélio Buarque de Holanda (1910-1989).