Dois personagens octogenários dos quadrinhos protagonizam duas coleções de luxo que a editora Planeta DeAgostini está lançando no Brasil. Ambas são extensas – bastante extensas (convém preparar o bolso e o espaço na estante). A série A Lenda do Batman reunirá cem volumes com histórias marcantes do super-herói que, em 2019, comemora 80 anos de sua primeira aparição. A coleção Príncipe Valente vai compilar todas as tiras do herói de capa e espada criado por Harold Foster em 1937 – serão 82 livros, um para cada ano de publicação.
Na estreia, A Lenda do Batman traz um clássico contemporâneo, Batman e Filho, em que o roteirista escocês Grant Morrison e o desenhista Andy Kubert reintroduzem na cronologia da editora DC Damian, nascido do relacionamento do Cavaleiro das Trevas com Talia, filha do vilão Ra's Al Ghul – como visto em uma graphic novel de 1987. O segundo volume é Detetive, assinado por Paul Dini, J.H. Williams III e Don Kramer. Entre os próximos títulos, está um que congrega duas tramas emblemáticas com o arqui-inimigo do Homem-Morcego, o Coringa: A Piada Mortal, de Alan Moore e Brian Bolland, e O Homem que Ri, de Ed Brubaker e Doug Mahnke. Cada edição tem uma apresentação que contextualiza a história e destaca a sua importância, além de alguns bônus, como capas alternativas e esboços dos artistas. O preço padrão dos livros é R$ 44,90, mas os primeiros estão com valores promocionais.
Ambientada nos tempos do lendário Rei Arthur, Príncipe Valente foi um marco na história dos quadrinhos ao injetar uma farta dose de realismo nos desenhos. Foster produziu a série até 1971 – depois, ela continuou sob as mãos de outros escritores e artistas. O preço padrão dos livros também é R$ 44,90, mas o primeiro custa R$ 9,90 – uma boa oportunidade de conhecer o personagem e decidir se vai seguir colecionando.
"É um compromisso nosso garantir todas as coleções até o final"
GaúchaZH entrevistou Douglas Garcia, coordenador de Marketing da Planeta DeAgostini:
Quais foram os grandes legados de Príncipe Valente para os quadrinhos?
Os principais legados dessa obra-prima de Hal Foster são o modo realista como as histórias são contadas com forte ambientação histórica, a técnica dos desenhos do autor com estilo menos geométrico e um nível de detalhes e perfeccionismo impressionante. Além disso, a narrativa foi desenvolvida num nível muito acima da grande maioria das histórias em quadrinhos da mesma época. Por Príncipe Valente, Hal Foster ganhou diversos prêmios, incluindo o Story Comic Strip Award, em 1964. Em 1996, ele foi incluído no Will Eisner Award Hall of Fame.
O que essas histórias ambientadas nos tempos do mítico Rei Arthur podem dizer aos leitores de hoje?
Além de ajudar na ambientação história do período para quem se interessa sobre o tema, as histórias do Príncipe Valente são um exemplo de busca pelo senso de justiça, respeito pelas diferentes culturas, pela liberdade dos povos e pela valorização da família.
Existe público no Brasil para sustentar uma coleção com 81 volumes que reunirá todas as tiras do Príncipe Valente?
Não temos dúvida que sim. O público de histórias em quadrinhos no Brasil é muito amplo e valoriza muito os clássicos e os trabalhos dos grandes quadrinistas da história. Desde que abrimos as vendas da coleção temos recebido o contato de vários fãs da obra de Foster nos agradecendo por publicar esse material.
Os colecionáveis de capa dura tiveram um grande apelo junto ao leitor nacional e certamente contribuíram para aquecer o mercado. Mas, recentemente, uma editora concorrente, a Salvat, se viu obrigada a cancelar, interromper ou desistir de coleções. Como vocês avaliam esse cenário? Quais são as salvaguardas da Planeta DeAgostini? Para um público ressabiado, há garantia de que as duas coleções vão até o fim?
É um compromisso da Planeta DeAgostini garantir todas as coleções que iniciamos até o final. Apesar desse acontecimento com outra editora do mercado, a empresa reforça o nível de confiança no país com diversos lançamentos esse ano incluindo coleções de quadrinhos como Príncipe Valente e A Lenda do Batman e de modelismo como a do Dodge Charger de Velozes e Furiosos. E no segundo semestre ainda teremos outros lançamentos. Acreditamos que todos esses lançamentos no ano só reforçam nossa posição de continuar por muitos e muitos anos no mercado brasileiro oferecendo excelentes produtos colecionáveis para os consumidores.
Batman tem enorme popularidade, mas a coleção enfrenta a concorrência com títulos já lançados pela Panini e/ou pela Eaglemoss. Qual será o diferencial da Planeta DeAgostini? Por que, em tempo de crise econômica, o colecionador de quadrinhos começaria uma coleção que já tem uma parte dos títulos disponíveis em formatos de luxo?
Primeiramente, é importante lembrar que essa coleção é uma parceria da Planeta DeAgostini com a Eaglemoss, que é a criadora da coleção. Há sim, muito material de Batman no mercado, mas o diferencial da coleção é exatamente facilitar o trabalho dos fãs de Batman (e dos que estão começando a se interessar pelo Cavaleiro das Trevas) e reunir em uma única coleção as melhores e mais importantes histórias do personagem em uma única coleção de grande qualidade. Além disso, há títulos da coleção que nunca foram traduzidos para o português.
A propósito, pode revelar a lista de títulos do Batman, para além dos iniciais?
Neste momento, podemos passar para fãs a lista dos nove primeiros títulos da coleção. Em breve, poderemos revelar mais histórias. São eles: Batman e Filho, Batman: Detetive, Portões de Gotham, Aurora Dourada, O Homem Que Ri/A Piada Mortal, Batman Renascido, Batman Inc (vol. 1) e Emperor Penguin (partes 1 e 2).