Michael Sandel é um caso raro de equilíbrio entre popularidade e rigor acadêmico. Professor da prestigiada Universidade de Harvard, o filósofo político não restringe seu conhecimento às salas de aula e gabinetes. Ao contrário, suas conferências alcançam milhões de espectadores pela internet, o que torna Sandel um dos intelectuais públicos mais influentes do mundo.
O autor estará em Porto Alegre em 9 de agosto, para conversar com o público e divulgar seu trabalho. A conferência será realizada a partir das 20h, na Casa da Ospa. Os ingressos podem ser adquiridos em www.fronteiras.com (participantes da temporada 2023 do Fronteiras do Pensamento já têm seu acesso garantido).
Entre as motivações de tamanha projeção internacional, estão o estilo performático do autor e sua coragem em abordar assuntos polêmicos de modo direto e assertivo. Os encontros com Sandel remontam os diálogos da filosofia clássica, com o pensador estimulando a plateia a interagir e aprofundar reflexões sobre justiça, valores morais, ética e outros temas.
As questões políticas e sociais contemporâneas também não escapam do pensamento de Sandel. Não é à toa que ele está prestes a lançar no Brasil “O Descontentamento da Democracia: uma nova abordagem para tempos periculosos”, livro em que escrutina por que a democracia passou a ser encarada com desconfiança por muita gente nas últimas décadas.
Confira a seguir cinco reflexões de Sandel para compreender o descontentamento com a democracia:
1) Desigualdade econômica
Segundo Sandel, desde os anos 1980 e 1990, o projeto neoliberal de globalização “trouxe ganhos colossais para quem estava no topo e desemprego e salários estagnados para a maioria dos trabalhadores”. O filósofo lembra que, durante a crise financeira de 2008, bilhões de dólares foram gastos para salvar os bancos enquanto a maior parte das pessoas precisava se defender sozinha. Esse tipo de atitude contribuiu para que boa parte da população americana passasse a encarar as elites com ressentimento, abrindo margem para que discursos populistas tivessem sucesso.
2) Polarização
Com o avanço do capitalismo global, as elites mais prósperas transformaram suas relações com as comunidades locais. Elas descobriram colegas empreendedores ao redor de todo o mundo, conquistando trabalhadores e consumidores em diferentes países. Ao mesmo tempo, o crescimento da economia passou a pautar cada vez mais as decisões das instituições, fragilizando o debate público. Dessa forma, o diálogo comunitário foi aos poucos sendo substituído pela polarização e pela desconfiança.
3) Guerra cultural
Com a erosão dos laços comunitários e a polarização exacerbada, o debate público vem sendo obstruído pelas “guerras culturais”. São discursos a respeito de questões relevantes para a sociedade, mas promovidos de modo surdo e intolerante.
- As guerras culturais são tão belicosas e tão irresistíveis que nos impedem de trabalhar juntos para recuperar o sistema. Aqueles que fomentam e inflamam essas guerras ajudam a isolar os arranjos econômicos, afastando-os de movimentos amplos de reforma - explica Sandel.
4) Discurso político vazio
Para o filósofo, uma das consequências das guerras culturais é o esvaziamento dos discursos políticos.
- O que passa por discurso político consiste em falas estreitas, tecnocráticas, que não inspiram ninguém. Ou então são disputas feitas aos gritos, em que apoiadores fazem denúncias e declarações sem realmente escutar ninguém - avalia Sandel.
5) Moralidade fora do debate público
O professor da Harvard também aponta que o capitalismo global promove a crença de que os mercados têm capacidade de gerar eficiência e prosperidade por si mesmos, poupando os cidadãos de “realizar debates confusos e contenciosos”. Para ele, essa é uma crença equivocada. Por isso, o intelectual defende que a construção de uma alternativa ao discurso neoliberal só será possível ao levar novamente “convicções morais e espirituais” para a praça pública.
- Banir questões moralmente discutíveis do debate público não as deixa em aberto. Significa simplesmente que os mercados, supervisionados pelos ricos e poderosos, decidirão essas questões por nós - escreve o autor.
Michael Sandel em Porto Alegre
- Dia 9 de agosto, às 20h, na Casa da Ospa
- Inscrições: www.fronteiras.com
- Informações: relacionamento@fronteiras.com
- WhatsApp: (11) 93775-5752
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