
O bailarino e coreógrafo Ismael Ivo morreu aos 66 anos na quinta-feira (8). A causa da morte não foi divulgada, mas pessoas próximas relataram complicações decorrentes da covid-19. O artista paulistano se notabilizou internacionalmente após atuar por mais de três décadas na Europa, tendo retornado ao Brasil para assumir, em 2017, a direção do Balé da Cidade de São Paulo.
A jornada internacional de Ivo começou quando o coreógrafo norte-americano Alvin Ailey (1931-1989) o viu dançar em Salvador em 1983 e o chamou para ir a Nova York. No ano seguinte, o artista criou em Viena o ImPulsTanz, hoje um dos mais importantes festivais de dança contemporânea do mundo.
Pouco depois, Ivo se estabeleceu na Alemanha, onde dirigiu a companhia do Teatro de Weimar. Foi ainda o diretor artístico que por mais tempo esteve à frente do setor de dança da Bienal de Veneza (2005 a 2012).
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), em uma publicação no Twitter, disse que o Brasil perdeu hoje um dos maiores coreógrafos contemporâneos. "Ismael foi diretor da Bienal de Veneza, do Balé da Cidade, e o primeiro estrangeiro a dirigir o Teatro Nacional Alemão. Era um amigo querido. Muito triste. Minha solidariedade aos familiares", escreveu.
O secretário de Cultura da cidade de São Paulo, Alê Youssef, disse, em nota, que Ivo era "um dos grandes artistas do nosso tempo". "Teve uma carreira brilhante na arte e marcou uma geração da dança nacional e internacional. Consagrou-se na Europa como diretor e curador na Bienal de Veneza, e na direção da companhia de dança do Teatro Nacional Alemão", declarou.
Nascido na Vila Ema, zona leste da capital paulista, em uma família humilde, Ivo afirmava em 2017, quando assumiu o Balé da Cidade, que tinha obsessão por aprender, sem medo de errar. "Às vezes, precisamos escutar o outro e discordar também. É saudável." Ele não temia que a nova companhia em São Paulo tivesse resistência a mudanças. Mas acreditava que, se ela ocorresse, seria natural. "Ninguém precisa ver tudo do mesmo ângulo", afirmou.