No Dia da Visibilidade Trans, celebrado nesta quarta-feira (29) no Brasil para promover reflexões sobre a cidadania das pessoas travestis, transexuais e não binárias, o Porto Verão Alegre recebe Nany People, uma das artistas transgêneros mais destacadas no país, ao lado de nomes como Linn da Quebrada, Liniker e Glamour Garcia. Com 34 anos de carreira no teatro, no rádio e no cinema, esta será a primeira vez que ela sobe em um palco da Capital com seu espetáculo teatral solo. A apresentação única de TsuNany será no Teatro do Bourbon Country, às 21h.
O stand-up tem como mote os “mal-sucedidos hábitos” da vida moderna, como as cirurgias plásticas, os exercícios físicos em excesso e os hábitos tecnológicos desregrados, como o uso indiscriminado de celulares e aplicativos de relacionamento.
– É um espetáculo aberto. Faço uma crítica bem-humorada. Ele é motivacional. Faço as pessoas pensarem, usando o humor como isca. O humor consegue fazer você aceitar coisas. Quando você ri, relaxa, você desaba de qualquer tipo de julgamento ou de ideia, de contestação. Daí, quando a coisa entra, ela entra visceral – afirma Nany People, que já integrou o elenco de programas de TV como Goulart de Andrade, Hebe, Xuxa Meneghel, A Praça É Nossa e Cante se Puder.
Visibilidade
A atriz desembarca em Porto Alegre com status de estrela nacional, após ganhar visibilidade em uma novela das 21h da Globo. De novembro de 2018 a maio do ano passado, ela interpretou Marcos Paulo, uma cientista transexual que desejava manter seu nome de nascença em O Sétimo Guardião, folhetim de Aguinaldo Silva.
– As pessoas acham que eu, do nada, fui parar na novela. Tem todo um caminho e um percurso. Me chamaram para fazer um teste, não fui convidada. E não entrei na novela para fazer uma ponta. Entrei para fazer corpo a corpo com a protagonista. Eu era do núcleo da Valentina – vibra Nany, em referência à personagem de Lilia Cabral, ídolo que se tornou “confidente, uma grande irmã, uma mãe para mim até”.
– Comecei gravando três cenas por semana e cheguei a fazer 17 num dia. A personagem foi ganhando campo. Mudou-se todo o roteiro da história – complementa.
Após O Sétimo Guardião, Nany se destacou no PopStar, figurando entre as participantes mais carismáticas da terceira edição do reality da Globo.
Apesar da exposição em horário nobre em tempos de polarização e discursos de ódio nas redes sociais, Nany afirma não ter sido vítima de ataques, mesmo interpretando uma personagem que foi muito contestada. A atriz avalia:
– As pessoas, mesmo da nova geração, que não sabiam da minha história, passaram a saber de ouvir falar. Tanto que nunca tive um ataque. Por quê? Em respeito ao meu histórico, ao meu currículo. É a famosa frase: “Respeita minha história, tchê”. Tem essa coisa de as pessoas pensarem bem, porque sabem que não levo desaforo para casa. Quem fala o que quer ouve o que não precisa. Você tem o direito de ter o seu ponto de vista, mas me convença de que está certo.
Sobre o aumento da visibilidade das pessoas trans na TV, Nany celebra as conquistas, mas faz questão de destacar artistas do passado que abriram caminho para as novas gerações. Sem papas na língua, critica até Pabllo Vittar, referência para os jovens da comunidade LGBT+:
– A pior coisa que existe é você ter um conceito pessoal muito equivocado. Uma vez, eu ouvi a Pabllo Vittar, com todo o seu glamour, com toda a sua visibilidade e o respeito que lhe é por direito, falar uma bobagem. Devia ter ficado quieta. Falou que agora as pessoas têm em quem se inspirar porque antes da gente não tinha ninguém. Falou por ignorância, porque houve Rogéria e todas essas que eram obrigadas a sair de uma casa de show para outra com uma peruca na mão.
Aos 54 anos, Nany também foi uma delas.
Nany People - TsuNany
Quarta-feira (29), às 21h, no Teatro do Bourbon Country (Av. Túlio de Rose, 80).
Ingressos antecipados a R$ 48, pelo site uhuu.com, sujeitos a taxas, e na hora a R$ 60. Desconto de 20% para sócios do Clube do Assinante.
Ponto de venda: na bilheteria do local. Confira outras promoções em clubedoassinanterbs.com.br
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