A necessidade de pertencimento e a busca por identidade são questões que fazem parte da trajetória humana. O espetáculo Protocolo Elefante, da companhia catarinense Cena 11, lança um questionamento sobre como esses temas nos afetam se juntarmos à equação existencial o isolamento e o deslocamento
Em duas apresentações, nesta quarta (11) e quinta-feira (12), às 21h, no Teatro Renascença, dentro da programação do festival Porto Alegre Em Cena, o público terá a chance de vivenciar esse embate psicológico com intensidade:
— Acredito que construímos uma experiência, um acontecimento e não uma mensagem ou lição. A arte é uma experiência acionada pelo artista, mas depende justamente da pluralidade de sensações produzidas sobre e com o espectador — explica o ator Marcos Klann, 39 anos, que faz parte do elenco.
Para propor esta imersão, a peça se ampara no tradicional mito sobre os elefantes: o de que, sentindo a aproximação da morte, o animal se afasta do seu bando e busca um local para morrer sozinho
— Entre mito e fato, trabalhamos a ideia de memória e vestígio e as nossas decisões singulares e coletivas quando estamos nos percebendo em estados de extinção. A resposta em movimento é um malabarismo intenso entre continuidade e mudança — explica o diretor, criador e coreógrafo do espetáculo, Alejandro Ahmed.
Isolamento
A concepção e a produção de Protocolo Elefante, realizadas em cinco etapas, levaram cerca de 18 meses. Em uma delas, o elenco foi submetido ao isolamento: cada ator ficou por 15 dias sem contato com os demais integrantes e longe da base, em Florianópolis. Marcos conta que viveu em uma cabana isolada na cidade de Alfredo Wagner, de apenas seis mil habitantes, a 11 quilômetros da capital catarinense:
— Sozinho no meio do nada, as pessoas parecem fantasmas e você busca se reconectar. A presença se constrói em outro nível de sensibilidade, pela falta dela.
Ou seja, Protocolo Elefante estimula a necessidade de se estar presente nos acontecimentos do jeito que for, para se perceber as pequenas alterações da vida.
— O acontecimento produzido com a arte traz uma qualidade e uma sensibilização que lhe permite refletir sobre a necessidade do espetáculo como parte da sua vida, como contágio — finaliza Klann.
Protocolo Elefante
- Recomendação etária: 16 anos
- Duração: 90min
- Quando: quarta e quinta-feira, às 21h
- Onde: Teatro Renascença (Avenida Erico Veríssimo, 307)
- Ingressos: R$ 80 (inteira); R$ 40 (meia-entrada)
- Vendas: pelo site Uhuu.com