O aniversário de 20 anos de morte do líder da Legião Urbana, no ano passado, foi o pretexto para o ator Bruce Gomlevsky retomar, após cinco anos, o espetáculo Renato Russo – O Musical. Vontade e demanda existiam. Estreado em 2006, o trabalho completará neste sábado (29/7), em Porto Alegre, a marca de 425 apresentações. Já foi visto por cerca de 250 mil espectadores em mais de 40 cidades brasileiras. A sessão única que começará às 18h no Parque Farroupilha (Redenção) será o retorno à Capital, onde realizou três sessões em 2008, no Theatro São Pedro, ainda com o título Renato Russo, a Peça.
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Será, entretanto, o mesmíssimo espetáculo, pronto para ser descoberto por uma nova geração. Acompanhado pela banda Arte Profana, com a qual está há 11 anos, Gomlevsky vai narrar os principais episódios da vida de Renato Russo, ilustrando-os com 22 canções que marcaram sua trajetória e, por extensão, a própria música brasileira. Não faltarão sucessos da Legião Urbana como Pais e Filhos, Tempo Perdido, Será e Geração Coca-Cola.
– Mas é impressionante porque a gente faz músicas não tão conhecidas, como Andrea Doria, Daniel na Cova dos Leões e Índios, e as pessoas cantam. São músicas imensas, sem refrão, como era o estilo do Renato, mas estão na boca do povo, de Belém a Porto Alegre. Sua obra é poderosa até hoje – destaca o ator.
Escrito por Daniela Pereira de Carvalho e dirigido por Mauro Mendonça Filho, o espetáculo retrata diferentes momentos da carreira de Renato Russo, da fase punk ao estilo voz e violão, abordando, sem filtro, mas com delicadeza, aspectos de sua vida como a relação com o filho e com o namorado, o sexo, as drogas e, bem, o rock'n'roll. Gomlevsky constata, nas apresentações, uma renovação de fãs do artista:
– Surpreende que tenha um público às vezes de 12, 13 anos. São adolescentes e pré-adolescentes que cantam todas as músicas e conhecem a obra do Renato. É um pouco como os Beatles, uma admiração que passa de pai para filho. A Legião é uma banda que continua sendo ouvida.
Na avaliação do ator, a permanência se deve, principalmente, à qualidade poética de Renato, mas também as tragédias cíclicas do Brasil contribuem para que seu discurso continue, infelizmente, atual.
– Para você ter uma ideia, ele compôs Que País É Este no final da década de 1970, mas não quis gravar nos primeiros discos porque achou que podia ficar obsoleta. Estava rolando o fim da ditadura. Ele só foi gravar no terceiro disco, em 1987. É um hino até hoje, assim como Perfeição (do disco O Descobrimento do Brasil, de 1993), que fala das mazelas do Brasil.
Se o discurso político do rock dos anos 1980 caracteriza hoje o rap e o hip-hop, Gomlevsky acredita que o impacto é diferente:
– Tem artistas de rap e hip-hop que retratam sua realidade e a do país, mas não com a projeção que as bandas de rock tiveram. Me parecem movimentos fortes e superinteressantes, mas isolados ou para um público específico.
RENATO RUSSO – O MUSICAL
Neste sábado (29/7), às 18h. Duração: 120 minutos. Recomendação: 12 anos.
Parque Farroupilha (Redenção), próximo ao espelho d’água, em Porto Alegre.
Entrada franca.
O espetáculo: acompanhado da banda Arte Profana, o ator Bruno Gomlevsky narra os principais episódios da carreira de Renato Russo e canta 22 músicas que marcaram sua trajetória. A atração está confirmada mesmo com chuva.