A acusação de assédio sexual feita pela atriz Blake Lively contra Justin Baldoni, ator e diretor do filme "É Assim Que Acaba", gerou efeito imediato na indústria cinematográfica. A obra é baseada no best-seller da escritora Colleen Hoover, romance baseado no ponto de vista de uma mulher diante de um relacionamento abusivo.
Os detalhes da acusação foram divulgados pelo jornal New York Times na segunda-feira (23). Baldoni teve contrato com a agência WNE cancelado, enquanto Lively permaneceu com seu trabalho ativo.
Nos Estados Unidos, a queixa é um passo anterior à ação judicial, que acontece quando os envolvidos no caso não fazem um acordo. O documento foi apresentado no Departamento de Direitos Civis da Califórnia na sexta-feira (20).
Entenda o caso ponto a ponto
Blake Lively alega que a Wayfarer Studios, produtora do filme "É Assim que Acaba", não aderiu às regras do sindicato dos artistas que protegem atores em cenas íntimas e de nudez.
Baldoni teria, então, se aproveitado da situação para beijar repetidamente Blake Lively, de forma improvisada, em uma cena não previamente debatida com a atriz.
A atriz afirma que reclamou da situação, mas as suas queixas foram ignoradas.
Em outra cena, Baldoni teria, fora do personagem, deslizado seus lábios no pescoço de Blake Lively e dito que ela "cheira muito bem".
Blake também teria sido obrigada a simular nudez total em uma cena de parto que não foi descrita no roteiro nem previamente combinada com a atriz. Ela discordou da ideia de filmar totalmente nua, e Baldoni teria criticado a ideia de ela manter as roupas hospitalares.
O CEO da Wayfarer Studios, Jamey Heath, teria mostrado vídeos da esposa dando à luz e de outras mulheres nuas a Blake e outras mulheres, sem o seu concentimento. Blake, então, perguntou se Heath tinha a permissão da esposa para mostrar as imagens, e Heath teria afirmado que ela "não é esquisita com essas coisas".
Baldoni também teria ligado para o personal trainer de Blake Lively para questioná-lo sobre o peso dele, em tese, por estar preocupado com uma cena em que teria que carregá-la no colo. A cena não estava descrita no roteiro. Depois, Baldoni ainda teria orientado Blake a ser atendida por uma especialista em perda de peso.
Em 4 de janeiro uma reunião geral foi convocada para discutir o ambiente hostil de trabalho e a conduta inapropriada do diretor e do CEO da Wayfarer Studio, Jamey Heath, nas gravações do longa. A reunião foi acompanhada por Ryan Reynolds, marido da atriz. As definições, segundo ela, teriam sido positivas.
- Blake teria demandado a presença integral de um coordenador de intimidade e um produtor independente, o que foi aprovado pela produtora.
Depois, o ator teria recorrido a uma campanha de "manipulação social" para difamar Blake Lively e contratado uma empresa para isso. O New York Times chamou isso de "máquina de difamação de Hollywood".
A produção retomou as filmagens em 5 de janeiro e encerrou em 12 de fevereiro. A atriz passou a ter sintomas de ansiedade e possui dificuldades para sair da cama, deixando inclusive de aparecer publicamente.
O que diz o advogado de Justin Baldoni
Após a divulgação da queixa pelo site TMZ, o advogado de Justin Baldoni, Bryan Freedman se pronunciou a respeito da denúncia:
“É vergonhoso que a Sra. Lively e seus representantes façam acusações tão sérias e categoricamente falsas contra o Sr. Baldoni, a Wayfarer Studios e seus representantes, como mais uma tentativa desesperada de "consertar" sua reputação negativa, que foi conquistada por suas próprias observações e ações durante a campanha do filme; entrevistas e atividades da imprensa que foram observadas publicamente, em tempo real e sem edição, o que permitiu que a internet gerasse suas próprias visões e opiniões. Essas alegações são completamente falsas, ultrajantes e intencionalmente obscenas com a intenção de ferir publicamente e refazer uma narrativa na mídia. A Wayfarer Studios tomou a decisão de contratar proativamente um gerente de crise antes da campanha de marketing do filme, para trabalhar ao lado de seu próprio representante na Jonesworks, empregado por Stephanie Jones, devido às múltiplas demandas e ameaças feitas pela Sra. Lively durante a produção, que incluíam ela ameaçar não aparecer no set, ameaçar não promover o filme, levando finalmente ao seu fim durante o lançamento, se suas demandas não fossem atendidas. Também foi descoberto que a Sra. Lively alistou sua própria representante, Leslie Sloan da Vision PR, que também representa o Sr. Reynolds, para plantar histórias negativas, completamente fabricadas e falsas com a mídia, mesmo antes de qualquer marketing ter começado para o filme, o que foi outra razão pela qual a Wayfarer Studios tomou a decisão de contratar um profissional de crise para iniciar o planejamento interno do cenário no caso de eles precisarem abordar. Os representantes da Wayfarer Studios ainda não fizeram nada proativo nem retaliaram, e apenas responderam a perguntas da mídia recebidas para garantir relatórios equilibrados e factuais e monitoraram a atividade social. O que está faltando claramente na correspondência escolhida a dedo é a evidência de que não houve medidas proativas tomadas com a mídia ou de outra forma; apenas planejamento interno do cenário e correspondência privada para criar estratégias, o que é um procedimento operacional padrão com profissionais de relações públicas”.
Apoios públicos
A atriz Gwyneth Paltrow, a comediante Amy Schumer, o diretor Paul Feig e Colleen Hoover, autora do livro que inspirou o filme estão entre as personalidades que manifestaram apoio à Lively.
Nas redes sociais, Hoover marcou a protagonista de É Assim que Acaba em uma publicação dizendo: “você não é nada menos do que honesta, gentil, solidária e paciente desde que nos conhecemos. Obrigada por ser exatamente o ser humano que é. Nunca mude”.
Lamentando o ocorrido nas gravações, o diretor Paul Feig usou as redes sociais para ressaltar as qualidades da atriz.
“Tudo o que posso dizer é que ela é uma das pessoas mais profissionais, criativas, colaboradoras, talentosas e gentis que já trabalhei. Ela realmente não merece essa campanha de ódio contra ela. É péssimo que ela foi submetida a isso”.
Em uma abordagem mais discreta, Paltrow colocou um emoji de rainha ao marcar na lista dos desejos de natal a linha capilar Blake Brown da Lively. Já Schumer afirmou a confiança na atriz em um post curto:
“Eu acredito em Blake”.