A ativista e atriz indígena Sacheen Littlefeather, que foi vaiada em 1973 na 45ª cerimônia do Oscar após recusar um prêmio em nome de Marlon Brando, morreu, aos 75 anos, neste domingo (2). Até o momento, não foi informada a causa do óbito.
O anúncio da morte da atriz foi feito pelo Twitter da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. No post, o perfil homenageou Sacheen ao recordar uma célebre frase dita por ela: "Quando eu me for, sempre lembrem que cada vez que você defende sua verdade, você manterá minha voz e as vozes de nossas nações e povos".
O falecimento da artista reacendeu a discussão sobre a hostilização que ela sofreu na cerimônia da premiação. "Com seu coração, ela gritou no palco em 1973 sobre a falta de oportunidades para os nativos na indústria. 50 anos se passaram, ainda a mesma situação", escreveu um internauta, de forma crítica à indústria cinematográfica. "Eu nunca vou esquecer de vê-la no Oscar naquela noite", comentou outro.
Relembre o caso
Em 1973, o norte-americano Marlon Blando ganhou o Oscar na categoria melhor ator por sua atuação no filme O Poderoso Chefão. No entanto, o artista não compareceu ao evento e pediu que Sacheen o representasse.
Quando o nome do artista foi chamado, a atriz, das etnias Apache e Yaqui, subiu ao palco e recusou o prêmio, argumentando que essa era uma decisão de Marlon como forma de denúncia ao "tratamento reservado aos nativos americanos pela indústria cinematográfica". Apesar de tentar explicar o motivo da recusa, parte dos convidados que estava na plateia começou a vaiá-la.
Aquele ano foi o primeiro que contou com transmissão ao vivo do evento para todo mundo. Com isso, a hostilização da artista se tornou pública e gerou diversas críticas de ativistas das causas indígenas, fãs e seguidores da atriz contra a Academia. Na época, parte da classe artística de Hollywood também se manifestou de forma contrária ao ocorrido.
Pedido de desculpa
Em junho desse ano, David Rubin, então presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, enviou uma carta à atriz com um pedido de desculpas em nome da instituição. "O abuso que você sofreu por causa dessa declaração foi injustificado. A carga emocional que você viveu e o custo para sua própria carreira em nossa indústria são irreparáveis. Por muito tempo, a coragem que você mostrou não foi reconhecida. Por isso, oferecemos nossas mais profundas desculpas e nossa sincera admiração", dizia a mensagem.
Essa carta foi divulgada publicamente e, junto dela, a Academia comunicou que realizaria uma cerimônia de homenagem à atriz indígena. O evento ocorreu e 17 de setembro, no novo museu da instituição em Los Angeles, nos Estados Unidos. Na ocasião, também foi feito um pedido de desculpa público devido ao tratamento que a atriz recebeu na cerimônia do Oscar, ocorrida há quase 50 anos.