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Dedicado à prática experimental do desenho, o grupo Atelier D43 frequentemente apresenta trabalhos que são o oposto do que se espera da técnica. As obras são feitas a várias mãos, envolvem instrumentos e materiais diversos, possuem grande escala e o processo de desenhar é filmado e exibido aos espectadores, tornando-se tão ou mais importante do que o desenho pronto.
Formado pelos artistas Caju Galon, Kelvin Koubik e Teresa Poester, o grupo passou um mês explorando essas possibilidades no Espace Culturel Anis Gras, centro cultural de Arcueil, na grande Paris. O resultado foi exposto na França e nesta terça-feira (11/04) desembarca no Museu do Trabalho, em Porto Alegre, com a abertura da mostra Boîte à Dessin / Uma Experiência na França.
O trio de artistas trabalha junto há seis anos e tira seu nome da sala 43 do Instituto de Artes da UFRGS, onde Teresa é professora de desenho. Lá, eles pesquisam a relação do desenho com outras linguagens e novas tecnologias. Nos últimos anos, seu foco voltou-se para a conversa entre desenho e vídeo. Nesses trabalhos, o ato de desenhar é filmado e exibido como uma performance.
– O desenho é pensado em função do vídeo, e o vídeo, em função do desenho – explica Teresa.
O trabalho realizado durante 28 dias na França resultou em quatro vídeos e cinco desenhos verticais com cerca de 1m50cm de largura por 3m60cm de altura. Os vídeos revelam os curiosos procedimentos adotados pelos artistas, como explica Teresa:
– Num dos desenhos, não podíamos tocar no trabalho, então usamos cabos com todos os tipos de lápis na ponta. Em outro, a regra era se enroscar em um elástico que outra pessoa ficava puxando. Criávamos dificuldades para desenhar e, então, criar gestos que nos surpreendessem.
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Dois trabalhos nasceram de desenhos feitos em um tablet completados por traços à mão. Entre os materiais utilizados, há carvão, pó de grafite e spray. Os vídeos que documentam esse processo não são considerados registros, mas obras autônomas e alguns passam por bastante edição.
– Estamos centrados na performance realizada dentro do ateliê. É o desenho como performance, ação, dança, luta. E isso tudo é filmado com várias máquinas, do celular até câmeras melhores, a partir de tripés, do teto, de cima, de baixo – explica Teresa.
Somente no dia da abertura, esta terça-feira, a fachada do museu também será transformada em tela para a projeção de um dos vídeos.
Boîte à dessin / uma experiência na França – Atelier D43
Abertura terça-feira (11/04), às 19h. Visitação de terça a sábado, das 13h30min às 18h30min, domingos e feriados, 14h às 18h30min. Até 21 de maio.
Entrada franca.
Museu do Trabalho (Rua dos Andradas, 230, fone (51) 3227-5196).
Preste atenção: no dia 18, às 19h, os artistas estarão no museu para falar sobre o trabalho.
Veja mais imagens do Atelier D43 em ação:
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