A foto abaixo faz parte de um lote de 12 cartões-postais enviados para o Almanaque Gaúcho pelo leitor Roberto Krause, de Santa Cruz do Sul, que pertenceram ao avô dele, Evaldo Otto Krause (in memoriam). A imagem, provavelmente obtida no final da década de 1950, mostra as docas do cais do porto, vizinhas ao grande prédio do Palácio do Comércio, inaugurado no dia 14 de novembro de 1940, com a presença do presidente Getúlio Vargas.
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Antigamente, ao lado desse edifício, ficava uma grande construção térrea, art déco, onde funcionava o Mercado Livre (uma espécie de Ceasa). Neste local, hoje, existe o largo da Praça Revolução Farroupilha, com o seu enorme arco, onde está instalada a Estação Mercado da Trensurb.
No lado esquerdo da imagem, aparece em destaque a Estação Ildefonso Pinto, que foi construída e inaugurada em 1927 para ser a estação inicial da Ferrovia Riacho-Tristeza, que já existia desde o final do século 19e que, a partir desse ano, passou a se iniciar ali, na nova estação.
Pouco depois, nos anos 1930, a pequena ferrovia foi desativada, mas a Ildefonso Pinto seguiu funcionando para a Viação Férrea do Rio Grande do Sul. Ficava na esquina da Avenida Borges de Medeiros com a Avenida Mauá. O trem de passageiros e carga saía da estação central, na Rua Voluntários da Pátria, e, antes de seguir à estação do Riacho, parava nesse prédio. Em 1972, numa atrocidade cometida contra a memória arquitetônica da Capital, foi demolida.
Ainda sem o muro, que seria erguido no início da década de 1970, ao longo de 2.647 metros, separando brutalmente a cidade do seu rio, a cena urbana chama atenção pelos antigos ônibus que por ali circulavam e pela movimentação de embarcações que aportavam nas docas para despejar sua carga, como os tarros de leite, certamente vindos pelo rio, dos municípios do Interior.
O muro faz parte do sistema de proteção contra cheias, que é constituído por ele e mais 68 quilômetros de diques, 14 comportas e 19 casas de bombas. O sistema de proteção foi construído a fim de evitar catástrofes semelhantes à enchente de 1941, que traumatizou a população de Porto Alegre.